Nesta semana, vamos te contar a história do dérbi belga.
A Bélgica é um país pequeno, mas densamente povoado, com uma mistura de culturas e idiomas. O país tem três idiomas oficiais: flamengo (que é um dialeto do holandês), francês valão (que difere muito pouco do francês clássico) e alemão.
As três comunidades que os falam dividem a Bélgica em três comunidades. A comunidade flamenga tem a maior população (cerca de 59%), a comunidade valã tem 40% e a pequena comunidade alemã tem menos de 1% da população.
Administrativamente, entretanto, a Bélgica é dividida de forma um pouco diferente. A divisão mais marcante do país baseia-se no idioma e na cultura predominantes: a fronteira entre Flandres, ao norte, e a Valônia, ao sul.
O pequeno enclave de língua alemã no leste do país, na fronteira com a Alemanha, fica administrativamente sob a Valônia. A terceira grande região autônoma é a capital Bruxelas, que é linguisticamente mista, mas predominantemente francesa.
Divisão até na seleção
Para evitar querelas entre flamengos e valões, tem sido uma regra não escrita nos últimos anos que a seleção da Bélgica seja comandada por um técnico estrangeiro e que o idioma oficial no CT seja o inglês.
Até mesmo os clubes de futebol são divididos em clubes francófonos e de língua holandesa. Entretanto, a proporção desses clubes na primeira divisão é muito desigual.
A temporada 2023/24 mostra que Flandres tem as equipes mais fortes. Entre eles, no entanto, há também rivalidades fortes. O maior clássico flamengo, a chamada Batalha de Flandres, é a partida entre o Club Brugge e o Gent.
Historicamente, os times da Valônia mais bem-sucedidos são o Standard Liege e o Royal Charleroi, e sua rivalidade ficou conhecida como Derby da Valônia.
Há também vários clássicos locais na Bélgica, como o clássico da região Limburgo entre o Genk e o Sint Truiden. Uma disputa tradicional entre rivais da mesma cidade é o confronto Club Brugge x Cercle Brugge.
A maior rivalidade de todas
A maior rivalidade, entretanto, fica entre as diferentes comunidades culturais. Para a parte da Bélgica que fala predominantemente flamengo, o maior jogo é o confronto entre o Club Brugge e o Anderlecht.
A partida, conhecida como Topper ("A do topo") ou De Klassieker ("O Clássico"), é uma batalha entre dois dos clubes de maior sucesso da Bélgica. O Anderlecht ganhou 34 títulos da liga, enquanto o Club Brugge ganhou 18.
A rivalidade entre os dois times começou na década de 1970, quando o Brugge começou a ameaçar a posição privilegiada do RSC no cenário nacional.
Naturalmente, o Anderlecht também é o maior rival dos valões e do melhor time da Valônia, o Standard Liege, que é 10 vezes campeão belga. No entanto, a rivalidade entre os dois clubes não é apenas uma cisão entre os valões e o povo da capital, há muitas outras raízes de ódio mútuo.
O "Clássico Belga"
O Anderlecht e o Standard se cruzaram pela primeira vez em 1919. Desde então, os rivais se enfrentaram em 226 partidas, com o time da capital vencendo 95 delas e seu adversário 68. Mais recentemente, no início desta temporada, o Liege conseguiu virar o clássico para 3x2 depois de ir para o intervalo perdendo por 2 a 0.
Em 1958, o Liege conquistou seu primeiro título nacional. Entre 1961 e 1972, nenhum outro time além do Anderlecht ou do Standard venceu o campeonato belga.
Além da rivalidade esportiva e da competição entre as duas principais cidades da Valônia, os violetas (Les Mauves) do Anderlecht e os vermelhos (Les Rouches) do Liège se odeiam também por outros motivos.
O Anderlecht tem sido historicamente um clube real (o nome completo é Royal Sporting Club Anderlecht) e é considerado historicamente um representante da sociedade burguesa da metrópole.
Liège foi um dos principais centros industriais da Europa desde o início da Revolução Industrial (é conhecida como "cidade do aço") e continua sendo até hoje uma cidade da classe trabalhadora, embora o foco tenha mudado da indústria pesada para setores de alta tecnologia ou alimentos.
Ossos quebrados e cartões vermelhos
A rivalidade se manifesta fortemente tanto no campo quanto nas arquibancadas. Em 2009, os dois rivais lutaram pelo título, que acabou sendo conquistado pelo Standard.
O clássico seguinte, no início da temporada 2009/10, foi marcado por uma grave lesão no zagueiro polonês Marcin Wasilewski, do Anderlecht, cuja perna ficou quebrada por um ano após uma falta dura cometida por Axel Witsel. O meia de seleção acabou suspenso por oito jogos, além de também ter sido expulso no dérbi seguinte.
Em 2015, os torcedores do Standard exibiram uma enorme faixa com a cabeça decepada de Steven Defour e as palavras "vermelho ou morto". Defour foi jogador do Liege e chegou a ser capitão da equipe que conquistou o título em 2009. Em seguida, ele se transferiu para o FC Porto, antes de retonar à Bélgica, em 2014, para jogar no Anderlecht - o que nunca foi perdoado pelos torcedores vermelhos.
O primeiro Clássico Belga desta temporada trouxe um recorde de público ao estádio do Liege, quando quase 27 mil espectadores assistiram à vitória do Standard em sua casa.
O Anderlecht deu o troco nesta quinta-feira (7), ao vencer o arqui-inimigo por 2 a 0 em jogo válido pelas oitavas de final da Copa da Bélgica.
A partida do returno entre ambos pela Jupiler League é no domingo (10), às 14h30, na casa dos roxos.
O time de Anderlecht é o atual vice-líder do campeonato, enquanto a equipe de Liege é a nona colocada.
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Outros clássicos do fim de semana:
Turquia (Super Lig)
• Dérbi Besiktas-Fenerbahçe
• Sábado, 9 de dezembro, às 13h
O Besiktas e o Fenerbahçe, juntamente com o Galatasaray, formam o trio mais forte de clubes da Turquia. Todos sediados em Istambul, a rivalidade entre eles é gigante. O Fenerbahçe é historicamente o time mais bem-sucedido do país (28 títulos), com o Besiktas em terceiro (21 títulos).
Suíça (Superliga)
• Dérbi do Lago de Genebra
• Sábado, 9 de dezembro, às 16h30
Genebra e Lausanne são as duas maiores cidades localizadas às margens do Lago Genebra (chamado de Lac Leman em francês, que domina essa parte do país). O Servette é o atual 4º colocado da Superliga, enquanto o Lausanne é o 7º.