No entanto, na última janela do mercado da bola, as movimentações foram visivelmente tranquilas. O Tribalfootball se juntou ao especialista na liga saudita Nicola Giuliani, da GiulianiSports, para procurar uma explicação e entender como a liga está evoluindo.
"Todos os clubes já haviam contratado jogadores estrangeiros, portanto, para contratar um novo jogador, seria preciso vender outro. Isso mudou a perspectiva porque, em 2023, todos os clubes podiam contratar todos os tipos de jogadores. Agora, as coisas estão um pouco diferentes. A liga introduziu uma nova regra, pois dois deles devem ter menos de 21 anos", explica.
Nascido na Itália e consolidado em Londres, Giuliani atua como consultor do técnico Roberto Mancini, que treina a seleção da Arábia Saudita - depois de levar a Itália ao título da Euro de 2021.
"Além disso, há clubes públicos e outros apoiados pelo PIF. A diferença entre eles é muito grande. Se você é um clube privado, precisa ser criativo para sobreviver. Você precisa de ideias criativas, como procurar jogadores e, se conseguir, poderá sobreviver. Caso contrário, as coisas serão muito difíceis", continua Guiliani, antes de apontar outra explicação bastante lógica para a redução dos gastos neste ano.
"Se você já tem um grande jogador no seu time e não consegue vendê-lo, por que compraria um novo? A maioria dos clubes simplesmente pensou: estamos bem estabelecidos com o que temos. Não há necessidade de gastar muito em novas contratações, pois o valor do novo jogador deve ser maior do que o do jogador atual."
A Liga Saudita é uma superpotência emergente
Apesar de ter vencido 26 dos 34 jogos da liga, o Al-Nassr ficou em segundo lugar, atrás do Al-Hilal, que conquistou 96 dos 102 pontos possíveis. O clube de Cristiano Ronaldo procurou um novo técnico na Série A italiana e contratou Stefano Pioli, que levou o Milan ao Scudetto. Giuliani não está surpreso com o fato da Liga Saudita ser capaz de trazer treinadores desse calibre.
"Acredito firmemente que a liga profissional saudita se tornará uma das melhores ligas do mundo em alguns anos. Talvez Pioli também saiba disso. Você precisa de uma mistura de grandes jogadores e grandes técnicos e, embora o dinheiro seja muito atraente, é um processo complicado para o qual você precisa de três ou quatro anos", admite.
Chamou a atenção o fato de um jovem talento como o espanhol Gabri Veiga ter optado por se juntar ao Al-Ahli em agosto do ano passado. Será que talentos italianos como Daniel Maldini ou Michael Kayode poderiam se sentir tentados a entrar para a liga saudita?
"Acho que eles considerariam a opção, mas, basicamente, os jogadores italianos preferem ficar na Itália. Temos orgulho de nossa liga e queremos mostrar nossas melhores habilidades na Serie A. Para os jogadores, não é fácil ir para o exterior. Talvez no final da carreira possam pensar em algo diferente, mas, quando são jovens, definitivamente preferem ficar na Itália", acredita Guiliani.
Abdulhamid Saud, o primeiro de muitos
Como consultor de Mancini, ele teve a oportunidade de observar, na primeira fila, como o ex-técnico do Manchester City trabalhou com a seleção saudita. O que também é um processo que leva tempo.
"Não se pode mudar as coisas em uma única temporada. Você tem sua ideia de futebol, está treinando novos jogadores com novas ideias em uma nova cultura. Você precisa de tempo."
Tempo é algo que o jogador da Arábia Saudita Abdulhamid Saud também pode precisar para ter sucesso na Serie A. Ele se juntou à Roma neste verão europeu, mas ainda não jogou um único minuto.
"Antes de tudo, ele veio de uma liga diferente, com uma cultura diferente de treinamento. Vamos ver daqui a seis meses como ele está progredindo.
"Ele teve apenas dois meses para se adaptar e não é um super-herói", explica Guiliani, que esteve envolvido na transferência do Al-Hilal, acreditando que Saud será apenas o primeiro de muitos jogadores sauditas a ingressar em grandes clubes europeus.
"É claro que eles irão. Acho que três, quatro, cinco jogadores (da equipe saudita de Mancini) também podem ser transferidos, mas é preciso encontrar o clube certo com as condições certas. Isso também leva tempo."