Como é a hospitalidade em um jogo da MLS? Flashscore conta todos os detalhes
O Flashscore esteve na Red Bull Arena e conta os detalhes de como é a hospitalidade oferecida à imprensa pelo clube nova-iorquino, além do que o público desfruta em uma partida da MLS, uma liga que ainda busca cair no gosto dos fãs de futebol pelo mundo.
É evidente que a MLS vem evoluindo, ainda mais com a chegada do astro Lionel Messi, que, inclusive, foi eleito o The Best pela FIFA - uma decisão polêmica, sabemos - já em atividade na liga norte-americana.
Mas nem todos os clubes possuem a mesma exposição do Inter Miami, e lutam para seguir impulsionando sua base de fãs em mercados extremamente competitivos, como é o caso de Nova York.
Os Red Bulls estão justamente neste meandro. Um clube conhecido pelo projeto da Red Bull, que detém operações no futebol austríaco, alemão e brasileiro, com o Bragantino, mas que batalha arduamente com seus rivais regionais - se é que o são - por espaço, inclusive na imprensa local.
A chegada
O 9 de março foi chuvoso em Harrison. A previsão era de forte chuva durante todo o dia, sem trégua, afetando o deslocamento e a presença do público. Mesmo assim, os "guerreiros" compareceram à Arena e recepcionaram os jogadores, que passaram pelo tapete vermelho antes de adentrar as dependências do estádio.
Uma novidade até mesmo para jogadores experientes, como o caso de Emil Forsberg, sueco com longa rodagem no futebol europeu e que chega à MLS para ser o rosto de um projeto que carece de ídolos.
"Nunca tinha visto isso. Uma novidade. Foi uma experiência legal ter esse contato com os torcedores, ainda mais em um dia como o de hoje, com muita chuva. Só podemos agradecer aos torcedores", declarou Forsberg aos jornalistas após a partida.
Aquela pitada de entretenimento que os norte-americanos sabem ofertar. A bem da verdade, a iniciativa é a tentativa de reforçar o pertencimento. Um contato direto entre torcedores e jogadores. Afinal de contas, eles não estão acima do público, o que verdadeiramente fomenta o futebol.
Em uma liga em desenvolvimento, isso é essencial.
Experiência de jogo
Não é muito difícil deslocar-se pela Red Bull Arena, um estádio com capacidade para 25 mil pessoas e que impulsionou o desenvolvimento da região ao seu redor, agora marcada por prédios e condomínios interligados a comodidades como a estação do PATH, trem que liga Harrison diretamente ao World Trade Center, em Nova York.
A imprensa adentra pelo chamado Toyota Gate. Passada a revista e os procedimentos de segurança, o credenciamento é então feito e o acesso à sala de imprensa é fácil e prático, com poucos lances de escada.
O local não é tão grande, mas cumpre bem o seu papel. Alguns jornalistas já possuem seus assentos pré-determinados no espaço de convivência, enquanto os fotógrafos preparam seus equipamentos em um espaço no corredor.
Resenha da imprensa
Uma refeição gratuita é servida aos profissionais de imprensa, algo que já é praxe nas ligas norte-americanas - mas que nem todas as franquias fazem. No caso do jogo contra o FC Dallas, o cardápio da Red Bull Arena oferecia almôndega, batata frita, salada, uma espécie de patê e pão, acompanhado de uma lata de Pepsi, a tradicional e a diet.
Comida boa, leve e que embala aquele bate-papo da imprensa antes de subir o último lance de escadas e dirigir-se ao campo de jogo.
Dentre os profissionais de imprensa credenciados, muitos blogueiros, influenciadores e pessoas que fogem do padrão tradicional do jornalismo, algo que já é notado no futebol brasileiro, com inúmeros canais no YouTube, por exemplo, fazendo parte da cobertura diária dos clubes.
Localização privilegiada
Na Red Bull Arena, a tribuna de imprensa é privilegiada. As estações de trabalho dos jornalistas são exatamente no centro do campo, algumas muito próximos da beirada do gramado. Em um jogo comum, o que não foi o caso no dia 9 de março, é possível ouvir até mesmo a orientação dos treinadores, além das reclamações e outras situações da partida.
Contra o FC Dallas, no entanto, a chuva prejudicou bastante a permanência dos jornalistas no setor. Isso porque a proximidade era tamanha que a cobertura do estádio não impedia que o vento trouxesse água - e foi muita água - nas bancadas.
Mas o Red Bulls estava preparado e deixou uma toalha de prontidão para que os jornalistas secassem o espaço. Foi impossível, no entanto, utilizar qualquer notebook. E quem encarou a chuva, como o Flashscore, precisou mesmo transformar a toalha em um "poncho". Sem glamour.
O pré-jogo e a torcida
O primeiro jogo em casa do Red Bulls foi uma grande festa. O pré-jogo foi acompanhado por um show de luzes e fogos, com os principais jogadores da equipe sendo saudados em um vídeo promocional impactante. Os americanos sabem bem como fazer um espetáculo. Não seria diferente em Harrison.
Esse ambiente de pequeno caldeirão ajuda, obviamente, a dar um clima mais quente aos confrontos. Do lado direito da tribuna de imprensa, na curva do estádio, estão as torcidas mais animadas do Red Bulls, essas sim, as que cantam o jogo todo - e é o jogo inteiro mesmo -, inclusive com cânticos em espanhol e que emulam as melhores noites vividas no futebol sul-americano. São elas a Viking Army, a Empire Supporters Club e a Torcida 96.
Em parte, isso deve-se à influência latina no futebol norte-americano, que é uma realidade. Na Red Bull Arena, um público misto se congraça nas arquibancadas. Mas é evidente que o "Let's Go, Red Bulls" ainda domina os gritos de apoio, uma tradição norte-americana.
E claro, há o entendimento do jogo. As pessoas que estão lá conhecem de futebol, das regras do jogo, xingam, reclamam, pedem aquela finalização, ficam na bronca com o juiz. Tudo que nós conhecemos. O futebol é futebol em qualquer lugar do planeta. No dia 9 de março, o Red Bulls venceu o FC Dallas por 2 a 1, embalando um início de liga sem derrotas nos três primeiros jogos.
De acordo com o clube, pouco mais de 19 mil torcedores compareceram à Red Bull Arena, o que já é algo sensacional tendo em vista a insistente chuva que caiu durante todo o jogo e aquela noite de sábado. Em condições normais, o estádio poderia, inclusive, ter uma noite agradabilíssima de futebol.
E precisamos destacar, claro, a qualidade do gramado da Red Bull Arena. Nenhuma poça de água, absolutamente nada que interferisse no toque ou no rolar da bola.
Produtos licenciados, bares e muito mais
Para o primeiro jogo em casa da temporada, o Red Bulls preparou-se para os torcedores e também a ansiedade pela venda da nova camisa oficial do clube. A peça vermelha e preta assinada pela Adidas foi o principal produto à venda na loja oficial do clube dentro do estádio e também nos quiosques, espalhados pelos setores da Arena.
Com preços que poderiam chegar a 180 dólares (aproximadamente R$ 900 na cotação do dia), era possível adquirir a camisa de jogo da equipe e também modelos mais simples, com preços mais em conta, de 60 a 80 dólares, além das réplicas da temporada atual ou da passada.
É impossível ir a um jogo sem sair ao menos com uma "lembrancinha", já que uma ampla variedade de produtos licenciados é ofertada ao torcedor. E também à imprensa, que possui um desconto de 30% em qualquer produto da loja oficial do clube.
No espaço central e em todos os setores da Red Bull Arena, os bares e opções de alimentação são variados, oferecendo desde produtos mais sofisticados aos mais populares, com preços "dentro do orçamento" de 15 a 30 dólares, por exemplo. E as filas não se estendem, com um fluxo extremamente rápido. Você salva sua cerveja e não vai perder o início do segundo tempo.
Uma experiência formidável
Com o jogo finalizado, a imprensa dirige-se à sala de coletivas, bem ampla, mas que também não perde seu caráter prático. Além dos treinadores, os jogadores são escolhidos pela assessoria de imprensa para conversar com os jornalistas.
Um bate-papo que algumas vezes parece tão informal e muito pouco responsivo como acontece no futebol brasileiro, onde a imprensa debruça-se após um jogo recém-terminado para pegar palavras um tanto quanto desconexas dos jogadores, que ainda não tiveram sequer um tempo de analisar friamente a partida.
Há mais profundidade, assim como a cordialidade na relação entre imprensa e jogadores. Um ambiente que denota a diferença entre a MLS e as demais ligas pelo mundo, como a experiência brasileira, obviamente a que está mais próxima de nós.
Ainda há um longo caminho a ser percorrido, mas o futebol nos Estados Unidos tem atrativos, qualidade e torcedores. Uma experiência formidável que vale a pena ser vivida por qualquer fã de esporte. Tantos detalhes e tantas ações que poderiam ser facilmente replicadas no Brasil, por exemplo. Com certeza, o produto futebol e o público agradeceriam.