Desde então, com exceção de uma temporada promissora sob o comando de Ronald Koeman (2016/17), em que terminou em sétimo lugar, o Everton tem apresentado uma tendência de queda. Nos últimos três anos, esteve lutando contra o rebaixamento e o mais próximo que chegaram do topo foi uma derrota nas quartas de final da Copa da Liga para o Fulham.
Dito isso, há motivos para os torcedores do Everton manterem esperanças altas nos próximos anos.
Aquisição promissora
Após o anúncio do acordo entre o The Friedkin Group (TFG) e o acionista majoritário do Everton, Farhad Moshiri, para compra do clube, os Blues têm sido um assunto muito discutido. O CEO do grupo, Dan Friedkin, também é o proprietário da Roma, com uma certa intriga acontecendo na Itália sobre o novo acordo.
Friedkin assumiu o comando da equipe romana em 2020 e supervisionou os consecutivos sextos lugares na primeira divisão italiana nas últimas três temporadas. Em 2021, o técnico José Mourinho levou os romanos à glória da Liga da Conferência em 2022, o primeiro título em 14 anos.
A Roma pode, pelo menos, ser vista como estudo de caso pelos torcedores do Everton que se perguntam como o clube pode funcionar agora com desconhecidos no comando. Nos últimos três anos, a Roma fechou negócios com o atacante Artem Dovbyk, que era procurado por vários clubes de ponta, e com o meia-campista Matias Soule, da rival Juventus.
Eles também adquiriram Paulo Dybala, Leandro Paredes, Nemanja Matic, Andrea Belotti e Houssem Aouar em transferências econômicas. Embora alguns desses não tenham dado certo, isso mostra uma boa capacidade de encontrar oportunidades no mercado.
Sob o comando do TFG, o Everton deve se sentir mais seguro financeiramente - a receita do grupo foi de £8,4 bilhões em 2023, de acordo com a Forbes, o que proporcionou estabilidade à Roma. Com o dinheiro do grupo, o clube não dependerá de empréstimos - algo que não pode ser dito sobre a propriedade de Farhad Moshiri.
Flertando com o rebaixamento
Nos últimos três anos, o Everton travou uma disputa perigosa contra o rebaixamento da Premier League. Eles sobreviveram por pouco no último dia da temporada 2022/23 e os torcedores invadiram o campo para comemorar. Embora fossem justificadas (ninguém deve policiar os bons momentos), as cenas comoventes representaram o quão longe o clube caiu.
O Everton começou mal a nova temporada, sofrendo goleadas contra o Tottenham (4 a 0) e o Brighton (3 a 0) e perdendo posições de vantagem nas derrotas para o Bournemouth (3 a 2) e o Aston Villa (também 3 a 2). A primeira vitória do time na Premier League veio na sexta rodada, em uma vitória sobre o Crystal Palace (2 a 1) em casa.
Se o Everton não conseguir dar a volta por cima, principalmente contra times como o Bournemouth, estará no caminho certo para mais uma temporada à beira do rebaixamento.
Esse é o primeiro obstáculo que os Blues precisam superar se quiserem voltar ao seu antigo patamar, porque, do jeito que está, são um destino pouco atraente para os melhores jogadores. A estabilização fora do campo, trazida pelo TFG, deve ajudar e, principalmente, permitir que o clube evite novas punições por violar as normas financeiras da Premier League.
Novo estádio
Outro elemento fora do campo a ser considerado é o novo estádio do Everton. A localização é inigualável, na famosa orla marítima de Liverpool, o que deve ajudar a consolidá-lo como um dos locais mais importantes do país.
Provavelmente não ajudará a trazer jogadores para o clube, mas os benefícios fora do campo, como a realização de eventos fora da temporada, ajudarão na estabilização mencionada, bem como na exposição geral. Um dos eventos mais importantes para o novo estádio do Everton no Bramley-Moore Dock será a Euro 2028.
Falsa melhora com Ancelotti
O Everton passou por altos e baixos na última década e um ponto de virada foi quando Carlo Ancelotti foi contratado pelo clube em 2019.
"Don Carlo" foi forçado a trabalhar com muito pouco no Everton, mas a transferência mais surpreendente foi a ida gratuita de James Rodriguez. Abdoulaye Doucoure e Allan também foram contratados durante o período de Ancelotti em Merseyside, mas a obtenção de James do Real Madrid foi significativa.
Os Blues tiveram um bom desempenho sob a tutela de Ancelotti e terminaram em 12º e 10º lugares com o italiano no comando. Mas, no meio de 2021, quando Zinedine Zidane anunciou a saída do Real Madrid, Carlo rompeu os laços com o Everton para se juntar ao Los Blancos.
O ex-técnico do Liverpool, Rafa Benítez, foi contratado, mas durou apenas seis meses antes do mandato de um ano de Frank Lampard. Sean Dyche então assumiu o comando, o que ajudou a estabilizar o desempenho em campo de 2023 até agora.
O futuro de Dyche
O ex-técnico do Burnley, Sean Dyche, é o que o Everton precisava. Entre sua chegada e o final da última temporada, o time teve uma média de 1,22 pontos por partida.
É um mito, mas diz-se que, para evitar o rebaixamento na Premier League, é preciso alcançar 40 pontos na temporada. Sob o comando do inglês, o clube alcançou 36 (em 2022/23) e 40 (em 2023/24). Dependeram da piora de outras equipes para se manter na primeira divisão.
Os times rebaixados do ano passado alcançaram números excepcionalmente baixos: o Luton Town teve 26 pontos, o Burnley 24 e o Sheffield United 16. No ano anterior, em que o Everton precisou vencer a última partida para permanecer na elite, o Leicester foi rebaixado com 34 pontos, o Leeds com 31 e o Southampton com 25.
O técnico conseguiu fazer um bom trabalho em ambas as ocasiões e, se não precisasse fazer conta com os pontos, a tabela poderia ter sido mais amistosa. Então, será Dyche o homem certo para comandar o Everton? Ele quer ser, mas suas palavras não animam.
Quando perguntado sobre a possibilidade de comandar os Blues em 2024/25, respondeu. “Nunca penso em coisas desse tipo. Aprendi muito no esporte com as reviravoltas. É claro que eu gostaria (de ser o técnico), mas não existe um direito divino de simplesmente dizer 'Ah, bem, você é definitivamente a pessoa certa para fazer isso'. E se não for, acontece”.
Talvez suas palavras tenham menos a ver com incentivo e mais com respeito. Afinal de contas, Dyche ainda não se reuniu com os futuros proprietários. "Não posso dizer como me sinto até que (a aquisição) esteja concluída", disse ele. Falarei com eles e direi: 'O que vocês querem saber? Quais são suas ideias?' e 'Para onde isso vai?'".
Não está claro quais são os próximos passos para o Everton, mas, com um estádio impressionante e uma nova propriedade no horizonte, há motivos para que os torcedores mantenham expectativas altas.
Mas é preciso dar um alerta. Na Roma, somente neste ano, o The Friedkin Group demitiu Mourinho e o substituto Daniele De Rossi - sendo que o último foi uma decisão extremamente impopular. Todas as atenções estarão voltadas para saber se Dyche permanecerá no comando se o Everton tiver outra queda de desempenho.
"Tudo o que posso fazer é continuar trabalhando duro. O ritmo de trabalho aqui não diminui, acredite em mim. A cada nova janela, tentamos gerencir dinheiro e salários e uma pergunta frequente é ‘Será que podemos trazer?’ É uma constante".
O Everton entra em campo contra o Newcastle, neste sábado, (5), na Premier League, com três pontos que o elevam à 12ª posição e pontos perdidos que podem colocá-lo na zona de rebaixamento.
