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Futebol europeu está mais perto de uma greve geral? Entenda

Alex Xavier
Atualizada
Messi (esq.) ainda não se manifestou, mas Mbappé já reclamou
Messi (esq.) ainda não se manifestou, mas Mbappé já reclamou FRANCK FIFE / AFP
Aumentou a pressão de jogadores e de clubes europeus contra o calendário da FIFA nesta segunda-feira (14). As reclamações esparsas estão ganhando corpo e já incomodam a entidade que regula o futebol mundial. Mas qual a chance de termos uma greve coletiva no futebol da UEFA?

O sindicato dos jogadores (FIFPro) e a associação das ligas europeias (European Leagues) apresentaram nesta segunda uma queixa formal à Comissão da União Europeia acusando a FIFA de abuso de poder por mudar o calendário e expandir os torneios internacionais à revelia dos jogadores e clubes.

A FIFPro apresentou um relatório acusando dirigentes de colocar em risco a saúde dos atletas, enquanto algumas estrelas do esporte evocaram a possibilidade de entrar em greve contra o calendário.

Os representantes das ligas nacionais, por sua vez, têm receio que suas competições sejam prejudicadas, pois seus craques vão fazer mais jogos internacionais e também por suas seleções.

Os principais alvos da FIFPro e da European Leagues são a Liga das Nações, a ampliação da fase inicial da Champions League e o novo "Super" Mundial de Clubes, que será disputado a partir de 2025.

"Está chegando a um ponto crítico. O feedback que temos dos jogadores é que há muito futebol sendo jogado e uma expansão constante", afirmou o CEO da Premier League, Richard Masters, membro da associação das ligas europeias.

"O problema do calendário sobrecarregado não é causado pelas competições da liga, mas pela FIFA", comentou o chefe da Serie A italiana, Luigi De Siervo.

A FIFA já havia respondido às críticas anteriormente, acusando as ligas nacionais de agirem com “interesse próprio comercial (e) hipocrisia”.

Mas fato é, os clubes estão se unindo, e jogadores importantes estão reclamando publicamente.

Rodri lesionou o joelho e não joga mais em 2024
Rodri lesionou o joelho e não joga mais em 2024Profimedia

Vai parar o futebol?

O meia espanhol Rodri, do Manchester City, cogitou entrar em greve em setembro, e acabou se lesionando seriamente um mês depois.

Kylian Mbappé (Real Madrid), Kevin de Bruyne (City), Alisson (Liverpool) e Son (Tottenham) estão na lista de atletas famosos que também vieram a público criticar o calendário.

Há alguns empecilhos para uma greve, porém. Esta sobrecarga de jogos só cai sobre os jogadores de elite, pois são convocados para suas seleções e avançam com seus clubes nos torneios internacionais.

O goleiro Joe Hart (Celtic), por exemrplo, já declarou à BBC que não concorda muito com Rodri sobre o assunto.

A imensidão de atletas na parte de baixo da pirâmide provavelmente até ficariam felizes com mais partidas para poder fazer um dinheiro extra.

Javier Tebas, presidente da LaLiga, esteve na entrega do relatório contra a FIFA em Bruxelas
Javier Tebas, presidente da LaLiga, esteve na entrega do relatório contra a FIFA em BruxelasOLIVIER HOSLET / EPA / Profimedia

Da mesma forma, há uma profusão de contratos de televisão e receitas, além do bem estar de outros "stakeholders" – como a imprensa esportiva, por exemplo – que hoje em dia dependem desta infinidade de jogos.

Embora haja uma união de clubes e sindicato no momento, uma greve geral deste tamanho seria algo inédito e dependeria de uma sinergia como aquela vista na batalha contra a famigerada Superliga Europeia.

Existe também o temor de que um boicote de jogadores super ricos pegue muito mal entre torcedores que trabalham da classe trabalhadora que ralam para acompanhar seus times. 

Greves já aconteceram no futebol. Na Europa, os maiores casos foram as curtas greves do Campeonato Italiano em 1996 e 2012, e a greve que suspendeu partidas da 1ª e da 2ª divisão da Noruega em 2002 e 2011.

Em 2011, alguns jogos da LaLiga foram adiados por conta de uma greve que acabou cancelada pela Justiça após uma semana.

Nos esportes americanos, greves de jogadores e até locautes não são incomuns.

Dito tudo isso, a derrubada do Super Mundial de Clubes parece mais provável que uma greve geral na Europa.

O torneio – que está agendado para ser jogado nas férias dos atletas da Europa – é saco de pancada de todo lado no continente: não tem apoio de torcedores, jogadores, clubes, ligas, nem da UEFA.

Uma greve teria apoio, por enquanto, apenas de jogadores da ponta de cima da pirâmide.