Governo britânico propõe órgão independente para regular o futebol
O órgão regulador será independente do governo e das federações, com o poder de multar clubes em até 10% de seu faturamento caso eles violem o fair play.
A nova regra reforçará os testes de idoneidade para aqueles que dirigem os clubes e também bloqueará "competições fechadas", como a polêmica Superliga Europeia.
Os clubes também serão obrigados a consultar os torcedores sobre assuntos como direção estratégica e qualquer assunto que afete seu patrimônio.
"Por muito tempo, alguns clubes têm sido abusados por proprietários inescrupulosos que se safam com má administração financeira, o que, na pior das hipóteses, pode levar ao colapso total", disse o primeiro-ministro inglês Rishi Sunak.
"Este projeto de lei é um momento histórico para os fãs de futebol - ele garantirá que suas vozes estejam na frente e no centro, evitará uma liga separatista, protegerá a sustentabilidade financeira dos clubes e protegerá o patrimônio de nossos clubes grandes e pequenos", acrescentou Sunak.
O anúncio do governo vem uma semana após a Premier League não conseguir chegar a um novo acordo financeiro com a English Football League (EFL), que administra o futebol profissional em níveis inferiores.
O governo avisou a Premier League, em fevereiro, que ela precisava chegar a um acordo ou teria que impor um novo contrato.
Premier League responde
A Premier League disse que estudaria o projeto de lei. "Concordamos que é vital que os clubes de futebol sejam sustentáveis, permaneçam no centro de suas comunidades e que os torcedores sejam fundamentais para o jogo", respondeu a liga em um comunicado.
"(Mas estamos) cientes de que o crescimento futuro da Premier League não está garantido, continuamos preocupados com quaisquer consequências não intencionais da legislação que possam enfraquecer a competitividade e o apelo do futebol inglês", ponderou.
Já a EFL recebeu bem o projeto de lei. "Esperamos que (ele) seja um marco importante para nos ajudar a garantir a sustentabilidade financeira de longo prazo da pirâmide do futebol inglês", disse o presidente Rick Parry em um comunicado à imprensa.
"O estabelecimento do órgão regulador independente do futebol estará no centro dessa reforma. Estamos animados com o fato de que o órgão regulador receberá poderes de apoio para realizar redistribuições financeiras caso o jogo não consiga chegar a um acordo por conta própria", acrescentou.
Ideia não é unânime
David Sullivan, proprietário do West Ham, disse que se opunha à criação de um órgão regulador e sugeriu que ele seria caro e ineficiente.
"A Premier League é a melhor liga do mundo, então por que mudar uma fórmula vencedora?", questionou ele à emissora Sky News.
"Espero que o governo não destrua algo que funciona. Isso significa que estaremos competindo com equipes de ligas da Europa que dão uma fração do dinheiro que os clubes da Premier League dão tanto para a EFL quanto para o futebol de base.
"Se, nas próximas temporadas, a Premier League deixar de ser a melhor liga do mundo, será por causa de um governo intrometido", reclamou.