Graham Potter paga o preço da inconstância do Chelsea sob nova administração
Potter durou apenas sete meses no Chelsea, já que o inglês pagou o preço da queda para o 11º lugar na tabela da Premier League.
Esse não foi o retorno que o grupo americano que administra o clube esperava após investir mais de £500 milhões (R$ 3,1 bilhões) em novos jogadores em sua primeira temporada no cargo, além dos £2,5 bilhões (R$ 15,6 bilhões) que pagaram pelo clube.
O consórcio liderado pelo co-proprietário do Los Angeles Dodgers Todd Boehly e Behdad Eghbali, da empresa de private equity Clearlake Capital, agora soma dois treinadores demitidos em seu primeiro ano de clube.
Thomas Tuchel foi sacado do cargo em setembro apesar de suas conquistas em campo, especialmente a Liga dos Campeões em 2021, e fora das quatro linhas ao lidar habilmente com as dificuldades da última temporada quando sanções foram impostas ao clube devido à ligação com o antigo proprietário, o russo Roman Abramovich.
A cultura de contratar e demitir em Stamford Bridge não é novidade após os 19 anos de reinado de Abramovich, entre 2003 e 2022.
O russo não teve piedade nem mesmo de dirigentes ilustres como José Mourinho (60), Carlo Ancelotti (63) e Antonio Conte (53), que conquistou títulos da Premier League durante seu tempo no Chelsea.
Apesar do troca-troca de comandantes, os torcedores do Chelsea ainda celebraram o sucesso durante a era Abramovich com 19 grandes troféus. Até agora não foi esse o caso sob a nova administração.
"Football Manager da vida real"
Potter venceu apenas 12 de seus 31 jogos no comando. No período, o Chelsea caiu de rendimento na Liga e também na Copa da Inglaterra. Os Blues agora se veem enraízados na metade inferior da tabela de classificação Premier League.
Somente um eventual sucesso na Liga dos Campeões pode salvar a temporada, mas os Blues vão enfrentar um caminho difícil até a final.
O Chelsea terá como adversário o campeão Real Madrid nas quartas de final no fim deste mês, com os vencedores avançando para uma semifinal que terá como rival City ou Bayern de Munique.
A Potter foi vendido um sonho quando trocou o Brighton pelo Chelsea. Os londrinos pagaram mais de £20 milhões em compensação por seus serviços.
"Há uma administração completamente diferente", disse ele no início da temporada quando surgiram as primeiras especulações sobre seu futuro.
"Isto é difícil para as pessoas que se acostumaram a ver o Chelsea há 20 anos de uma forma e agora, de repente, tudo é diferente".
Isso provou não ser verdade. A paciência de Boehly e Eghbali se esgotou após derrota por 2 a 0 em casa para Aston Villa no sábado (1).
Potter acabou sendo o bode expiatório de uma abordagem agressiva no mercado de transferências que expôs a falta de experiência dos novos proprietários.
Boehly assumiu o cargo de diretor esportivo do clube no verão passado e comandou um gasto de 250 milhões de libras esterlinas (R$ 1,56 bilhão) com Raheem Sterling, Kalidou Koulibaly, Wesley Fofana, Marc Cucurella e Pierre-Emerick Aubameyang, todos eles lutando para causar um impacto significativo no time.
O ex-capitão do Manchester United Gary Neville descreveu a abordagem de Boehly no mercado de transferências como semelhante a um fã que joga o popular videogame "Football Manager".
A nova administração dobrou os investimentos em janeiro, quebrando o recorde britânico de transferências pelo argentino campeão da Copa do Mundo Enzo Fernandez e superando a proposta do Arsenal pelo ucraniano Mykhailo Mudryk.
Mas sem nenhuma reviravolta imediata nos resultados, a idéia de um projeto de longo prazo sob o comando de Potter foi rasgada, com o comandante se tornando o último treinador a conhecer a porta dos fundos do Chelsea.