Meio-campista Kendry Páez, de 17 anos, vive crise na carreira após acerto com o Chelsea
Nas últimas semanas, altos e baixos têm marcado o desempenho de Paez. E não é necessariamente ruim que o jovem meio-campista tenha visto seu progresso estagnar de repente.
A transferência para o Chelsea será no final da temporada, mas, para o técnico da seleção equatoriana, Sebastián Beccacece, o aniversário de 18 anos de Paez e a saída do Independiente del Valle podem ter lados positivos.
"Acho que será bom para ele sair daqui. Não vejo a hora. Gostaria que ele já estivesse fora do país. Ele tem que saber administrar o fato de já ter sido vendido, sua idade e que talvez tenha distrações."
Os comentários de Beccacece confirmam a preocupação com o meio-campo do Del Valle, uma vez que a atitude e o comportamento do meia - dentro e fora do campo - têm sido focos diários desde o anúncio, em junho, de que ele havia sido vendido ao clube inglês.
Em termos de potencial e de projeção, trata-se de algo natural na carreira de um jogador. Paez precisa tirar proveito da situação para vivenciar, aprender e superar.
Copa América aumentou expectativa
A pressão e as expectativas vão acontecer, mas parece que tudo isso atingiu o jogador nesta temporada. O jovem foi bem com a camisa do Equador na Copa América. O equatoriano se tornou o jogador mais jovem a marcar um gol na competição. O bom desempenho só aumentou o peso das afirmações de que o Chelsea tinha encontrado um potencial craque mundial.
Mas, no campeonato nacional, as coisas não saíram como esperado. De fato, depois de ser titular na segunda metade da temporada passada, o jovem se viu fora dos planos de Javier Gandolfi, técnico do Del Valle.
Paez fez apenas três partidas como titular e, em duas ocasiões, ficou no banco de reservas durante todo o jogo. Apesar da falta de minutos, Beccacece optou por convocá-lo para a última Data FIFA para os confrontos com Paraguai e Uruguai, nas eliminatórias da Copa do Mundo, e atuou por apenas 46 minutos.
"Ele é tratado como mais um. Não se sente observado demais, está à vontade, está feliz em jogar futebol e acho que ele pode melhorar seu desempenho porque já o vi fazer coisas muito boas", declarou o técnico.
Referências do Equador opinam
Para o ídolo equatoriano Alex Aguinaga, a decisão de tirar Páez precisa ser bem avaliada. "Eu levaria em conta apenas o esporte, que é o que interessa ao técnico. Ele (Beccacece) não é o pai dele, para ter de corrigir os problemas que Kendry Páez tem.
"Ele também não precisa ser um tutor. Se ele estiver em boa forma, poderá ser convocado e, se não estiver, não será chamado. Não o vejo em um bom momento, e não se trata de uma questão disciplinar”, afirmou Aguinaga.
Enquanto isso, o ex-atacante equatoriano Franklin Salas, quatro vezes vencedor do Campeonato Equatoriano com a Liga Deportiva Universitária (LDU), acredita que a federação de futebol errou ao acelerar o progresso de Páez nas categorias de idade.
"Acho que Kendry Páez se machucou e foi forçado a pular etapas. O fato de não o mandarem jogar com os sub-17, com os sub-20, o fez acelerar por demais os processos. E o jogador, para o bem ou para o mal, precisa queimar etapas, precisa se sentir importante entre os jogadores da sua idade. E ele, devido à FEF e ao clube, não teve permissão."
Salas citou a decisão de César Menotti de deixar Diego Maradona, de 18 anos, de fora da Copa do Mundo de 1978. No ano seguinte, Maradona venceu a Copa do Mundo Sub-20 com a Argentina: "A decisão de Menotti despertou em Maradona a vontade de ser alguém. Essas etapas às vezes precisam ser respeitadas."
Uma lição que o Chelsea deve seguir? Talvez. Mas, além das pessoas ao seu redor, o desafio de Páez agora é provar que pode superar a queda. É um momento difícil, sem dúvida alguma. Mas, apesar de já ser um jogador de destaque há mais de três anos, se Kendry Páez vai aprender a superar, não poderia haver melhor momento na carreira.