OPINIÃO: Rúben Amorim será um sucesso como técnico do Manchester United
Em 5 de março de 2020, há mais de quatro anos, as palavras de Amorim em sua apresentação oficial como técnico do Sporting entraram para a história do futebol português. "E se tudo correr bem?" E correu.
Amorim aceitou trocar a estabilidade do Braga, onde fez um sucesso relâmpago, para assumir o comando de um clube maior, mas com uma instabilidade gritante, especialmente em termos esportivos.
As semelhanças são muito evidentes quatro anos depois. Depois de trocar o Braga pelo Sporting no meio da temporada - e de se tornar campeão nacional um ano depois -, ele deixa o líder do Campeonato Português, e uma estabilidade provavelmente nunca vista antes em Alvalade, pelo 14º lugar na Premier League, em um clube que se tornou um verdadeiro cemitério de treinadores desde a saída de Sir Alex Ferguson.
E se tudo correr bem?
O Manchester United está pagando ao Sporting exatamente o mesmo que os Leões pagaram ao Braga pelo jovem treinador.
A diferença é que Amorim é agora um treinador consagrado, não mais uma promessa.
Os 10 milhões de euros da rescisão do contrato são uma pechincha, uma gota no oceano econômico do United, e não representará um ganho financeiro interessante para o Sporting.
Basta lembrar que, em 2012 (há 14 anos!), o Chelsea pagou 15 milhões de euros ao Porto para levar André Villas-Boas, hoje presidente dos Dragões.
Em Manchester, Amorim herdará um time em pedaços, mas, sem sombra de dúvida, um elenco muito superior ao que encontrou em Lisboa. No Sporting, ele teve de imediatamente olhar para a academia e promover jogadores como Nuno Mendes, Gonçalo Inácio, Eduardo Quaresma e Tiago Tomas.
Amorim é ambicioso, isso é evidente, mas também é teimoso. E em Alvalade deixou isso bem claro, tanto na mudança imediata do sistema tático para o 3-4-3, como quando insistiu até ao fim em ter apenas Paulinho como atacante, antes da chegada (e do impacto flagrante) de Viktor Gyokeres.
No United, Amorim não terá Gyokeres nem Paulinho, mas terá Rasmus Hojlund, outro nórdico, e Joshua Zirkzee, um holandês.
Podemos traçar paralelos? Acho que sim, porque é de conhecimento geral que o técnico mudará (quase tudo) em Old Trafford, desde o esquema tático até a forma de se comunicar - e seu inglês, embora enferrujado, será muito bom já nos primeiros dias.
No United, ele não terá o "especial" Pedro Gonçalves nem o "chato" Nuno Santos, mas terá um fiel escudeiro em Bruno Fernandes, seu novo Sebastian Coates, com a braçadeira de capitão - uma extensão do técnico em campo e o braço direito para implementar rapidamente suas ideias.
É claro que estão sendo feitas perguntas sobre a capacidade de um técnico português de 39 anos de interromper a espiral descendente do Manchester United. O mesmo foi feito com Villas-Boas no Chelsea. O questionamento foi feito até mesmo com José Mourinho.
É natural que seja assim. Quem, em 5 de março de 2020, acreditava que esse jovem técnico, pelo qual o Sporting pagou 10 milhões de euros, transformaria o clube no mais estável e principal candidato ao título do Campeonato Português? Eu diria que, além dele próprio, Frederico Varandas e Hugo Viana, ainda que com o pé atrás. Correu bem. Correu muito bem.
Acima das expectativas do próprio Amorim, pouco restava para cumprir em Alvalade, além do bicampeonato que ele poderia comemorar em maio.
E não tenho dúvidas de que ele chegará a Old Trafford com um sorriso e um sentimento de realização. Porque Amorim está mais do que pronto para a Premier League. Não há dúvidas: ele vai se sair bem.