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Dérbi na Colômbia tem história de rivalidade, briga de cartéis e assassinatos

Miroslav Šifta
Não tem essa de Data FIFA no campeonato colombiano
Não tem essa de Data FIFA no campeonato colombianoS.alvarez1037 / Wikimedia Commons / Flashscore
Os mundos das drogas e do futebol estavam fadados a se cruzar na Colômbia. E essa história volta à tona neste fim de semana, com os dérbis na liga local.

Desde a década de 1980, os chefes do tráfico, cada vez mais poderosos, começaram a se espalhar por todo o país e sua atenção se voltou para o esporte mais popular da região.

Alguns clubes de futebol foram tomados pelos chefes dos cartéis não apenas por prazer, mas também como uma ferramenta útil para lavagem de dinheiro e populismo.

Muitos dos chefões do tráfico investiram pesadamente nos clubes, não apenas no time principal, mas também nas categorias de base e na infraestrutura.

Por outro lado, no entanto, eles falsificavam valores das transferências de jogadores, salários e outros itens contábeis, no que ficou mundialmente conhecido como narcofutebol.

Escobar e seus rivais

Projetos de "narcofutebol" em grande escala surgiram em três das maiores cidades da Colômbia.

O mais famoso deles é a associação de Pablo Escobar com o clube Atletico National de Medellín.

Em Bogotá, Gonzalo Rodriguez Gacha, conhecido como "o mexicano", juntou-se ao clube Millonarios. Gacha era rival de Escobar e essa rivalidade se refletiu fortemente dentro de campo.

Já os chefes do cartel de Cali, os irmãos Gilberto e Miguel Rodriguez Orejuela, eram proprietários do América de Cali.

Graças às injeções financeiras dos barões do narcotráfico, o padrão do futebol colombiano como um todo cresceu. Os clubes colombianos, especialmente aqueles que estavam nas mãos dos cartéis, também trouxeram reforços estrangeiros de qualidade, elevando consideravelmente o nível e os salários dos jogadores.

A equipe nacional colombiana também participou de três Copas do Mundo consecutivas (1990, 1994, 1998) nesta época. Antes disso, a última vez que os colombianos haviam participado da Copa do Mundo havia sido em 1962. Os clubes locais também obtiveram grande sucesso, especialmente o Nacional, de Escobar.

A guerra entre cartéis no gramado

O grande momento do de Escobar foi a conquista da Copa Libertadores de 1989. Foi a primeira vez na história que um time colombiano venceu em uma competição com times do Brasil ou da Argentina.

Houve um confronto muito acirrado durante a corrida para o título. Nas quartas de final da competição mais prestigiada do continente, o time de Medellín enfrentou o Millonarios de Bogotá. Os dois clubes já eram grandes rivais antes dessa partida.

O jogo entre eles era um confronto entre dois dos melhores times colombianos da história, uma batalha entre a capital e o segundo centro mais importante do país, uma rivalidade entre duas regiões diferentes e seus habitantes e, no final da década de 1980, um confronto entre dois narcorrivais.

A primeira partida em Medellín foi vencida por 1 a 0 pelo time da casa, o Atlético. A revanche em Bogotá terminou em um empate de 1 a 1, mas a partida foi muito controversa.

O árbitro chileno Silva parecia favorecer o time de Medellín. Posteriormente, surgiram mais e mais informações de que Silva havia entrado em contato direto com Pablo Escobar em várias ocasiões. O Atlético Nacional conseguiu, então, chegar ao título.

O ressentimento mútuo dentro do superclássico colombiano, como é chamada a rivalidade entre o Atlético Nacional e o Millonarios FC, se intensificou.

As consequências tristes do "narcofutebol"

As práticas indisciplinadas e brutais do submundo das drogas muitas vezes se manifestaram no ambiente do futebol.

Além de corrupção, intimidação, extorsão, lavagem de dinheiro, evasão fiscal ou outras fraudes, houve crimes ainda mais hediondos.

Em 1989, o árbitro Alvaro Ortega foi assassinado após uma partida entre o Independiente Medellín e o América de Cali.

Ele tomou algumas decisões estranhas durante a partida. O empate final não foi do agrado dos cartéis. Os jogos também eram rotineiramente arranjados para fins de apostas.

A história mais famosa e triste é o assassinato do jogador Andres Escobar após a Copa do Mundo de 1994. Após o fracasso nos Estados Unidos, o zagueiro, que fez um gol contra decisivo no Mundial, foi morto a tiros na frente de sua namorada, na rua, em Medellín.

Mais tarde, foi revelado que o assassino havia sido contratado por um dos cartéis. Ele foi condenado a 43 anos de prisão, mas libertado após 11 anos por bom comportamento.

Após a "queda" dos cartéis na década de 1990 e no início dos anos 2000, o futebol colombiano também passou por uma crise.

A seleção não se classificou para a Copa do Mundo em 2002, 2006 ou 2010. Foi somente em 2014 que os colombianos voltaram à elite.

Fim de semana de clássicos colombianos

Sábado, 14 de outubro

Independiente Medellín x Atlético Nacional

• El Clasico Paisa• 20h10 (horário de Brasília)

Medellín é a segunda maior cidade da Colômbia, com mais de 2,5 milhões de habitantes. É o lar de dois grandes clubes de futebol, o Atlético Nacional e o Independiente Medellín. A rivalidade entre eles é conhecida como El Clasico Paisa (paisa é uma gíria que significa "o verdadeiro time da casa"). Os dois clubes compartilham o Estádio Atanasio Gigardot, com 40.000 lugares, que é um inferno na terra, especialmente durante o clássico da cidade.

O último clássico de Medellín, disputado há um mês, foi vencido pelo Independiente por 1 a 0. Atualmente, o Independiente está em terceiro lugar na primeira divisão, enquanto o Atlético Nacional está na quarta posição, apenas dois pontos atrás.

Domingo, 15 de outubro

América de Cali x Deportivo Cali

Clasico Vallecaucano

Cali é a terceira maior cidade da Colômbia, com mais de 2,2 milhões de habitantes. O Clasico Vallecaucano ganha este nome por conta da região (Valle del Cauca) e foi disputado 336 vezes na história, com muito equilíbrio.

Em setembro, o América venceu o seu rival por 3 a 0 e está na vice-liderança da liga, enquanto o Deportivo está tentando entrar entre os oito primeiros.