Autuori assume o Cruzeiro e fala em gratidão: "Meu desafio é de vida, não de futebol"
"O meu desafio hoje é de vida. Não é de futebol. É de vida em qual sentido? Em um momento complicado para uma instituição que, na última década, vem sendo degradada e deteriorada de uma maneira clara e evidente.
Há duas temporadas nem na primeira página da Série B aparecia. Hoje, corre risco de queda", disse Paulo Autuori, campeão da Libertadores com o Cruzeiro em 1997.
"Eu tenho uma gratidão a esta instituição por ter me proporcionado participar de uma campanha vitoriosa. Eu não ganho nada, eu participo de campanhas vitoriosas com grupos vitoriosos.
"Eu tenho uma gratidão a este clube por isso. Dei o meu contributo ínfimo e chegou a hora de retribuir", acrescentou o interino, que deixa o cargo de diretor técnico para os seis jogos finais do Brasileirão 2023.
Lição de vida
Em um discurso emotivo, Autuori salientou que o desafio profissional que lhe bate à porta neste momento é também motivado por uma lição que quer deixar a seus netos, além de exaltar a sua lealdade e comprometimento com o atual grupo gestor da SAF do Cruzeiro.
"E o que eu quero com isso? Não é para dentro do clube, os jogadores, não é para vocês, da imprensa, da torcida, é para a minha vida, é para os meus netos, terem uma ideia muito clara de que na vida, vivemos todos nós, seres humanos, entre o bem e o mal.
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"Alegrias e tristezas, vitórias e derrotas, 'sins' e 'nãos'. E que eles têm que estar preparados para que, nos momentos do mal, da tristeza, das derrotas e dos "nãos", encararem isso de frente. É para os meus netos, porque eu quero que eles entendam este momento", explicou.
"Depois, por duas coisas para mim que são fundamentais, e eu tenho que honrar meus pais por isso. Lealdade. Tenho lealdade a essas pessoas que estão hoje em um projeto seríssimo, é real, vai passar por bons e maus momentos como todos. Lealdade a essas pessoas. E, acima de tudo, fidelidade ao projeto, que eu acredito piamente", enfatizou Autuori.
Abrindo exceção
O veterano comandante ratificou sua postura quanto ao cargo que vai ocupar. Uma posição interina e em uma situação excepcional, já que ele não deseja mais ser técnico de futebol.
"Eu não quero mais ser treinador no Brasil. Não vou ser. É outra coisa que eu falei desde o dia primeiro no Brasil. Fora (do país) creio que, a partir de agora, não estarei mais disponível também", reforçou o profissional, que tem como último trabalho à beira do gramado o Atlético Nacional, da Colômbia, em passagem finalizada em julho deste ano.
Autuori e seus auxiliares terão a missão de salvar o Cruzeiro da segunda divisão do Campeonato Brasileiro. A equipe ocupa atualmente a 17ª posição, a primeira dentro da zona de rebaixamento, com 37 pontos.
Com seis jogos ainda por fazer, a Raposa está a um ponto do Bahia, que é o primeiro time fora do Z4. O Cruzeiro volta a campo no sábado (18), em jogo atrasado da 30ª rodada contra o Fortaleza, no Castelão, às 18h30.