Cuca não comandava uma equipe desde sua saída do Atlético-MG ao fim da temporada passada. Recentemente, ele esteve na Arena da Baixada para acompanhar uma partida de seu antigo clube contra o Athletico-PR, pela Copa Libertadores.
O nome do treinador recebeu imediata aprovação por parte do presidente Duílio Monteiro Alves, que já havia sondado a possibilidade em outras oportunidades. No entanto, a torcida do Corinthians tomou a medida como impopular e inundou as redes sociais com notas de repúdio sobre a chegada de Cuca.
Em 1987, em Berna, na Suíça, o então jogador foi acusado por uma garota de 13 anos de estupro coletivo. Ele e outros companheiros de Grêmio foram condenados pela Justiça local.
Organizadas do Corinthians repudiaram a contratação de Cuca. A Camisa 12 qualificou o anúncio do técnico como uma das maiores vergonhas da história do clube.
"Nossa história jamais pode aceitar uma pessoa com um crime hediondo (condenado em trânsito em julgado) e que não cumpriu sua pena de 15 meses, entre seus quadros de funcionários", diz o comunicado da organizada.
A Pavilhão 9 também se manifestou nas redes sociais: "Um clube com a história do Corinthians não pode aceitar uma contratação dessa. É rasgar toda nossa luta. Direção, por acaso vocês já se esqueceram do escândalo de Berna?", indagou a organizada.
A Estopim da Fiel foi outra torcida que mostrou sua insatisfação: "É inadmissível que um clube com a história do Corinthians tenha sua equipe principal dirigida por alguém que NÃO tem ética, e respondeu um processo criminal de tamanha crueldade", criticou.
Para a Fiel Macabra, a contratação de Cuca "jogou a história do Corinthians no lixo".
A Coringão Chopp mostrou toda sua indignação com a diretoria comandada pelo presidente Duilio e a decisão de trazer Cuca.
"Uma das maiores folhas salariais do Brasil, um futebol tenebroso, contratações totalmente questionáveis e, pra coroar, a contratação de um técnico condenado criminalmente, demonstram bem para que veio a chapa Renovação e Transparência", apontou a organizada.
A chegada de Cuca revoltou torcedoras corintianas, que se manifestaram nas redes sociais relembrando a hashtag #RespeitaAsMinas — uma campanha promovida pelo marketing do Corinthians em defesas dos direitos das mulheres, contra o assédio e o abuso sexual. O grupo de torcedoras promete uma manifestação na porta do CT Joaquim Grava nesta sexta-feira (21), às 17h. Cuca será apresentado oficialmente a partir das 17h30 (de Brasília).
Gaviões faz caminho contrário e deve apoiar Cuca
A única torcida que não se manifestou sobre a chegada de Cuca foi a Gaviões da Fiel, a principal organizada corintiana. A tendência é que o grupo se manifeste favorável à contratação e ainda faça uma manifestação no CT Joaquim Grava, no sábado, em apoio ao time e ao novo comandante.
Um áudio de representantes da torcida circula nas redes sociais com a explicação do apoio a Cuca.
"Ele é o único (treinador) que poderia chegar amanhã e já treinar. A realidade é essa. Ele é bom de Copa (torneios mata-mata). Essa parte pessoal dele temos de esperar o jurídico e o Duilio se posicionarem. Para julgar o cara temos de ver o processo", aponta um diretor, em áudio divulgado pelo site Meu Timão.
Entenda o caso Cuca
Quando Cuca atuava pelo Grêmio, ele e outros três jogadores do time gaúcho foram acusados por uma garota de 13 anos de estupro coletivo. O caso aconteceu em Berna, na Suíça, em 1987. Cuca e os outros atletas — Eduardo Hamester, Fernando Castoldi e Henrique Etges — foram condenados em 1989, não pelo suposto estupro, mas porque a garota possuía 13 anos, sendo uma violência sexual contra pessoa vulnerável.
Condenado a 15 meses de prisão, Cuca nunca cumpriu a pena, pois o Brasil não extradita seus cidadãos. Em 2004, o crime prescreveu por ultrapassar o período de tempo de sua execução. Em 2021, o técnico negou envolvimento no caso, em entrevista ao UOL.