Flashback: campanha de líder do Torino faz torcida se lembrar dos tempos de ouro do clube
Talvez seja um pouco ofensivo ao Grande Torino - a equipe lendária dos anos 40 que só foi parada por uma catástrofe aérea - mas o elenco de Paolo Vanoli, que chegou na liderança da Séria A, trouxe de volta uma glória vermelha à cidade onde a Juventus tem dominado por décadas.
O topo da tabela dá um gosto de vitória não é experimentada há muito tempo por um clube com um passado de prestígio, mas com um presente de poucas vitórias. Mesmo que a dupla formada por Zapata e Adams possa lembrar apenas Paolino Pulici e Ciccio Graziani, em pequenas proporções, os nostálgicos do futebol derramaram uma lágrima neste fim de semana.
O sucesso totalmente italiano
A vitória da Toro no campeonato lembra a temporada 1975/76, em que o clube liderado por Gigi Radice tinha Luciano Castellini no gol, Claudio Sala, Eraldo Pecci e Renato Zaccarelli no meio de campo, enquanto os gêmeos Pulici e Graziani dominavam o ataque.
A conquista do sétimo troféu sob o comando de Orfeo Pianelli, em 1976, foi sentida como uma vingança pelo time e pelos torcedores, que estavam cansados das muitas vitórias da Juventus, um inimigo histórico e muito próximo. Foi um triunfo totalmente italiano, dada a eliminação na Copa do Mundo de 1966, quando a seleção foi eliminada pela Coreia do Norte.
A conquista foi histórica, a primeira, e até hoje última, obtida pelo time após o sexto Scudetto na temporada 1948-49. A sequência de cinco títulos nacionais seguidos, entre 1945 e 1949, foi interrompida drasticamente pela tragédia de Superga, quando o avião do clube caiu na volta de um amistoso em Lisboa.
A Copa e a cadeira que rodou o mundo
Depois da temporada 1976-77, em que começou na liderança e foi ultrapassado pela Juventus, o clube teve poucos destaques. Um deles foi o segundo lugar em 1984-85, quando ninguém menos que o Verona terminou no topo da Itália.
Naquela equipe, ainda dirigida por Radice, os únicos estrangeiros eram o brasileiro Júnior e austríaco Walter Schachner, enquanto o capitão era o incansável Zaccarelli. Nove anos depois, em 1992-93, foi a vez de uma boa atuação na Copa da Itália, que rendeu a conquista do título, o quinto na sala de troféus.
As ordens eram de Emiliano Mondonico, que tinha no ataque a dupla formada pelo brasileiro Casagrande e pelo uruguaio Aguilera. No gol, contava com a segurança de Marchegiani, a zaga era comandada por Luca Fusi e o meio-campo encontrava inspiração graças ao belga Enzo Scifo.
Esse foi a última grande comemoração do Toro, que um ano antes havia chegado perto de ganhar a Copa da UEFA em uma final contra o Ajax. No jogo, o protesto do técnico Emiliano Mondonico levantando um cadeira, contra um pênalti não marcado, ficou registrada na história.
Agora, o Torino volta a viver um momento mágico, sob o comando Vanoli e seus jogadores, que talvez não vençam o campeonato, mas, no meio tempo, restauraram a glória de uma grande equipe que estava ausente há muito tempo.