Futebol 360 com Betão: SAF é a solução para o futebol brasileiro?
Algo que chama a atenção é que isso não é uma exclusividade de clubes tidos como “medianos” ou “pequenos”. Clubes grandes, de tradição e com camisas pesadas, também encontram dificuldades para encontrar esse equilíbrio financeiro. Sinto em dizer, mas 90% dos clubes brasileiros estão respirando por aparelhos e clamam por socorro financeiramente falando.
Pensando na resolução desse problema financeiro, o modelo SAF de gestão dos clubes ganhou muita força no Brasil. Trata-se de um modelo que já é utilizado em muitos clubes no futebol internacional.
Resumidamente, é um modelo de gestão onde os clubes têm um dono e são geridos como empresas, o que praticamente elimina a gestão “política” dentro deles. Culturalmente falando, a política ainda exerce grande força dentro de muitos clubes.
Quando falamos no modelo SAF de gestão, três coisas vem rapidamente à cabeça: 1ª: Quitação de dívidas; 2ª: Profissionalização; 3ª: Elenco forte.
Quando ouço alguém dizer que a SAF é a salvação para o futebol brasileiro, vários questionamentos surgem:
1º: Para profissionalizar uma gestão, precisa virar SAF?
2º: Será que no Brasil, estamos preparados para que os clubes tenham um dono (atletas, imprensa, torcida, associados do clube)?
3º Qual o impacto que isso traria para o nosso futebol?
4º Poderia causar uma inflação no mercado do futebol brasileiro ?
São vários os questionamentos.
Um dos grandes obstáculos é o próprio torcedor. De cara, eles ficam ansiosos e apreensivos. Quando os resultados em campo aparecem, parece estar tudo bem. Porém, quando as vitórias não aparecem, muitos dizem que o clube é do torcedor e estão vendendo e acabando com a instituição.
O fato é que o desconhecido ainda causa muito medo e insegurança nas pessoas que trabalham com o futebol o Brasil.
Mas não podemos negar que, pela necessidade imediata da quitação de dívidas, a SAF acaba sendo um excelente negócio. Vale lembrar que o ponto final de qualquer clube de futebol não é o equilíbrio financeiro (isso seria o meio) e sim o resultado esportivo. E a pergunta que não quer calar: a SAF garante o resultado esportivo?
Como citei anteriormente sobre as três questões que vem à nossa mente, a SAF não garante o resultado esportivo. Ela pode facilitar o processo, mas não é uma garantia de resultados de sucesso.
Saindo na frente
No Brasil, temos alguns exemplos de clubes que se tornaram SAF. O RB Bragantino conseguiu resultado esportivo quase que de imediato. Hoje, podemos dizer que é um clube consolidado na Série A do Brasileirão e, inclusive, alcançou um fato inédito que foi disputar a Copa Libertadores da América pela primeira vez em sua história.
Outro clube que conseguiu resultado imediato, se tornando SAF, foi o Cruzeiro. Com certa “facilidade”, conseguiu o título da Série B e automaticamente o acesso para a Série A do Brasileirão.
Confira a tabela do Brasileirão
Hoje na Série A, está buscando o seu equilíbrio para se manter na elite do futebol brasileiro. O Botafogo, que recentemente foi adquirido por um investidor, para surpresa de muitos, está liderando o Campeonato Brasileiro da Série A com propriedade e com um futebol qualificado, fato que há alguns anos não acontecia.
Existem outros clubes como Vasco, Coritiba e Bahia que também se tornaram SAF recentemente e ainda não conseguiram um resultado esportivo expressivo de acordo com a expectativa criada.
Antes de finalizar, quero fazer um contraponto. O Fortaleza Esporte Clube, que para mim tem uma das melhores gestões do futebol brasileiro comandada pelo presidente Marcelo Paz, não é SAF e tem um trabalho extremamente profissional com resultados esportivos e financeiros acima da média.
Essa lembrança me faz questionar: seria a SAF a única solução para o futebol brasileiro?