"Recebi com surpresa porque não esperava. Acredito que nenhum presidente contrata um treinador pensando em interromper o trabalho. Mas, às vezes, o futebol toma caminhos diferentes do esperado. Então, quando recebi a ligação fazendo a consulta, fui pego de surpresa. E sempre é assim: primeiro faz a consulta, depois começa a negociação", disse Mano Menezes.
O técnico não planejava começar um novo trabalho neste ano, após ser demitido do Internacional, mas acabou acertando o retorno ao Corinthians. Mano afirmou que as passagens anteriores pelo clube influenciaram o acordo.
"Quando a gente recebe pela terceira vez vez um convite para dirigir um clube do tamanho do Corinthians... primeiro eu gostaria de dizer a satisfação de estar aqui, o orgulho que é voltar uma terceira vez para uma casa como esta. O que me levou a aceitar o convite é o tipo de relacionamento de respeito que a gente construiu nas outras duas vezes", explicou.
"Esse comprometimento e essa gratidão mútuas me fizeram voltar aqui e assumir novamente o desafio de dirigir essa grandeza que o Corinthians é, mesmo faltando três meses para terminarmos a temporada."
Mano Menezes também admitiu que foi sondado pelo Corinthians em abril, quando preferiu seguir no Inter. Na época, o Timão procurava o substituto de Cuca, e acabou fechando com Vanderlei Luxemburgo.
"Eu recebi uma consulta, é como se faz sempre antes de qualquer coisa. Quando a gente recebe uma consulta, diz estar aberto ou fechado para outras negociações. E eu disse que não estava aberto porque estava em meio a um trabalho, e não iria largar na metade aquele que tinha começado a construir lá no Internacional", contou.
Antes da coletiva de Mano, o presidente Duilio Monteiro Alves fez um pronunciamento. O mandatário corintiano disparou contra o pré-candidato da oposição, Augusto Melo, que criticou o contrato longo de Mano Menezes. O Corinthians tem eleições daqui a dois meses, em 25 de novembro.
Contrato longo
Mano foi questionado sobre a situação de assumir o clube às vésperas do pleito. O técnico viveu situação parecida na última passagem pelo Timão, em 2014. Ele comandou a equipe durante toda a temporada, mas foi embora após o fim do Brasileirão.
"Quando voltei pela segunda vez, fizemos um ano de trabalho. E quando estávamos alinhavando algumas coisas, prometi entregar uma nova equipe montada até o final do ano. A gente conseguiu fazer uma nova equipe, é só olhar lá atrás e ver. Quando o time estava ficando pronto, veio a eleição, a opção de quem quer trabalhar. Mas para quem montou é ruim porque, na hora de usufruir, vai embora", disse.
"Agora, saio de um trabalho de um ano e quatro meses. Passamos um primeiro semestre esperando a janela para contratar com qualidade e não quantidade. Eu me expus, deixei o meu nome lá sendo desgastado, tomando pancada para caramba no primeiro semestre. O time está montado, vocês estão vendo. Chegaram três jogadores de seleção na janela do meio de ano, e isso se reflete no trabalho. Para quem saiu é ruim. Então, desta vez, vamos tentar montar e usufruir da montagem, para que as coisas sejam mais justas."
Mano Menezes ainda não fará sua reestreia pelo Corinthians no sábado (30), contra o São Paulo, pelo Brasileirão. Ele está suspenso por três cartões amarelos na época de Inter. O primeiro jogo com o treinador será na terça-feira (3), pela volta da semifinal da Copa Sul-Americana, contra o Fortaleza, no Castelão. O treinador ressaltou a importância do torneio continental e pregou cautela no Majestoso.
"É um adversário que acabou de conquistar um título, torcedor com euforia, e vamos enfrentar isso. O treinador tem que tomar cuidado com os jogadores que vai colocar lá, porque é muito fácil tirar uns e expor outros. Vamos escolher o melhor que podemos, sem correr riscos para terça-feira", afirmou Mano.