O Napoli está muito perto de ganhar o Scudetto pela primeira vez desde 1990, quando a Serie A era considerada a melhor liga do mundo e Diego Maradona ainda jogava em Nápoles.
Uma vantagem de 17 pontos no topo da liga, faltando apenas sete jogos, significa que a questão é quando, e não se, e o time da maior cidade da região sul da Itália será coroado campeão.
O título pode vir já neste fim de semana se a equipe de Luciano Spalletti vencer a vizinha sulista Salernitana, e a Lazio não vencer a Inter de Milão fora de casa.
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Nos últimos 22, apenas Juventus, Milan e Inter de Milão venceram a Série A.
O último clube fora do trio de ferro a vencer o Scudetto foi a Roma, que destronou a Lazio, sua rival local, em 2001.
Os times listrados de Turim e Milão (os strisciate) venceram a liga um total de 74 vezes, o que torna o título do Napoli um grande evento não apenas para a cidade napolitana, mas para o sul como um todo.
Espera-se que a festa seja grande em Nápoles, uma cidade histórica e caótica, frequentemente ridicularizada e que muitas vezes é alvo do que na Itália é chamado de "discriminação territorial", um tipo de racismo historicamente direcionado ao sul, semelhante ao preconceito que os imigrantes irlandeses enfrentaram nas nações anglófonas.
Duas Itálias
A divisão norte-sul da Itália está mais acentuada do que nunca.
De acordo com os indicadores socioeconômicos oficiais do país, os salários, o emprego e o acesso a serviços de saúde, educação e cultura são significativamente melhores no norte.
O PIB per capita nas regiões do norte, Lombardia e Emilia-Romagna, é cerca de duas vezes maior do que na Calábria, Puglia ou Campânia, a região da qual Nápoles é a capital.
Lucio Lamberti, professor da Universidade Politécnica de Milão e especialista em estratégia econômica, diz que o título de Napoli é "um caso isolado de sucesso que Nápoles merece, mas que não eliminará a divisão".
"No sul, há um sentimento de sermos filhos de um Deus menor, e sucessos simbólicos como o Scudetto podem parecer uma espécie de vingança para o povo", diz Lamberti.
Nesta temporada, as equipes das regiões sul e central do país também estão tendo algum sucesso nas divisões inferiores, com o Frosinone, prestes a ser promovido à Série A já na segunda-feira.
No extremo sul, o Bari, que pertence ao proprietário do Napoli e empresário do cinema Aurelio De Laurentiis, ainda pode conquistar a segunda vaga de promoção automática da Série B, mas é mais provável que tenha de tentar a sorte nos playoffs.
Motivo de orgulho para a região
Enquanto isso, o Catanzaro, da Calábria, tem sido a sensação da Série C depois de uma temporada incrível em que garantiu a promoção para a segunda divisão em março.
"O futebol da liga inferior é uma financeiramente difícil neste momento, especialmente no sul e na Calábria em particular, que não tem muitas empresas capazes de investir dinheiro de patrocínio", disse à AFP o proprietário do Catanzaro, Floriano Noto, que também administra uma cadeia de supermercados.
"Tenho sorte em comparação com outros proprietários porque tenho uma atividade que me coloca em contato com várias empresas do norte", acrescentou.
"Somos uma região pobre e o esporte para nós tem uma enorme importância social, pois nos ensina a viver juntos. Este Scudetto também é para nós, calabreses, um motivo de orgulho", completou.
No entanto, nem todos no Sul estarão torcendo pelo Napoli. Os três grandes times do norte, especialmente a Juventus, têm grande apoio em todo o sul da Itália, e o Napoli também é rival de outros clubes da metade inferior da tabela.
Os torcedores mais radicais da Salernitana pediram aos torcedores do Napoli em Salerno, que fica na costa napolitana, que não comemorassem o título na cidade.
"O futebol italiano está prestes a ver uma equipe questionar o poder dos clubes do norte", escreveram os ultras da Salernitana no mês passado, "mas isso não tem absolutamente nada a ver conosco".