O confronto marcava o encontro do Napoli, de Diego Armando Maradona, e a equipe de Milão, liderada pelo revolucionário Arrigo Sacchi. Era 1 de maio de 1988 e a tabela do campeonato tinha o Napoli na liderança, com apenas um ponto a mais que os milaneses.
Até três dias antes, os napolitanos tinham uma vantagem de quatro pontos que, na época, era a soma de duas vitórias. A derrota em casa para a Juventus e o empate em Verona abalou a confiança da equipe de Ottavio Bianchi, que chegou à partida decisiva contra os únicos perseguidores com apenas um ponto de vantagem e a alma abalada.
Naquela tarde ensolarada, a festa de Nápoles tornou-se um cemitério em pouco mais de 90 minutos.
Apesar de um início frenético assinado por Maradona e Careca, quem marcou primeiro foi o Milan, com Virdis. Um feitiço do número 10 argentino colocaria as coisas de volta no mesmo nível, mas na segunda metade o furacão Rossoneri atingiria o San Paolo. Novamente Virdis e depois Van Basten derrubariam os azuis, que tentou reagir na final com um gol de cabeça de Careca, mas não conseguiu alcançar o empate que os teria mantido em primeiro lugar.
Sombras negras
Aquela tempestade em um dia de primavera abalou toda a Nápoles. A vantagem desperdiçada naquele jogo foi decisiva na corrida para o Scudetto, com os Rossoneri chegando melhor no sprint final.
Muitas coisas foram ditas sobre aquela tarde napolitana: houve quem dissesse que o Napoli não tinha dado seu máximo e que jogadores como Bruno Giordano e Salvatore Bagni, que saíram no final da temporada, tinham facilitado as coisas para o Milan.
Entretanto, Fernando Signorini, o preparador físico de Maradona na época, havia sentido uma atmosfera diferente naquele dia. "Depois de voltar ao vestiário no intervalo, notei que nosso humor estava perturbado. Ferlaino e os diretores estavam suados e ansiosos, enquanto Berlusconi e Galliani estavam frescos e sorridentes. Algo particular aconteceu naquele dia, eu não podia dizer o quê, mas não era um dia normal", conta.
O que era certo era que em 1º de maio de 1988, o maior pesadelo para os fãs napolitanos se materializou, cuja MaGiCa (trio formado por Maradona-Giordano-Careca) parou na blitz do Milan, comandado por jogadores holandeses. Aquele Scudetto abriria um ciclo histórico também na Europa. Em Napoli, no entanto, eles passaram de um título que estava próximo para um fracasso histórico, que só seria vingado dois anos mais tarde.