Caos em Brescia: ultras se revoltam após rebaixamento da equipe à Série C
Foi uma noite difícil em Brescia, onde a cidade não só teve de lidar com o amargo rebaixamento do Rondinelle para a Série C, mas também com mais um episódio de violência dos ultras em um estádio italiano.
Após o gol de empate do Cosenza aos 50 minutos do segundo tempo, que decretou a salvação dos calabreses, os torcedores locais foram protagonistas de cenas lamentáveis, arremessando sinalizadores, além de uma tentativa de invasão do gramado que só foi interrompida pela intervenção da polícia.
A partida ficou suspensa por mais de 25 minutos antes do apito final, que ocorreu quando os jogadores já estavam nos vestiários.
Caos fora do estádio
A raiva dos ultras do Brescia, no entanto, continuou fora do estádio. Mais uma vez, os ultras se envolveram em confrontos violentos com a polícia, explodindo fogos de artifício e sinalizadores em protesto contra o clube.
A situação culminou com o incêndio de um carro, o do lateral do Brescia, Matthieu Huard. Nesse meio tempo, uma avaliação inicial das autoridades relatou três feridos, incluindo um comissário de bordo.
Equipes confinadas no Rigamonti
Após o anúncio oficial do rebaixamento para a Série C, as duas equipes foram obrigadas a se refugiar nos vestiários. Mesmo após o anúncio da interrupção definitiva da partida, os jogadores e suas famílias permaneceram em Rigamonti esperando que a situação voltasse ao normal, só conseguindo deixar o estádio no meio da noite para evitar mais confusões com os torcedores do lado de fora.
Balata: "Fatos injustificáveis
Após o triste episído em Rigamonti, o presidente da Lega B, a segunda divisão italiana, Mauro Balata, se manifestou e expressou sua decepção com os acontecimentos.
"O que aconteceu em Brescia é, sob todos os aspectos, injustificável e deve ser condenado com veemência. No entanto, estou desanimado e profundamente abalado. Nos cerca de seis anos de minha presidência, nunca houve episódios de violência como os que testemunhamos ontem à noite no estádio Rigamonti", lamentou Balata.
"Pelo contrário, nossa divisão sempre se distinguiu pela ausência de agressão e discriminação. Sinto-me derrotado. Pergunto-me, e acho que todos nós devemos nos perguntar, por que tamanha violência pode ocorrer em um evento esportivo que deveria gerar alegria", diz a nota.
O dirigente concluiu seu comunicado com bastante tristeza e destacando a atuação das forças policiais. "Quero expressar minha proximidade com os vencedores e os derrotados, com todos aqueles que sofreram e sentiram medo e desânimo na noite de quinta-feira, com os dois clubes, com os muitos torcedores e entusiastas verdadeiros, com as autoridades e forças policiais que se empenharam em conter a loucura e que arriscaram sua segurança, mas também quero entender e abordar essa situação diretamente com as instituições da cidade e com todos aqueles que têm um senso de respeito e amor verdadeiro pelo esporte, mesmo quando perdem", declarou.
"Que o que aconteceu não seja esquecido com o passar da emoção do momento, mas, ao contrário, se torne uma oportunidade de reflexão e confronto. Somente dessa forma poderemos evitar outros episódios semelhantes", finalizou Balata.