Em carta enviada ao presidente da FIFA, Gianni Infantino, na quinta-feira, o grupo de defesa dos direitos da mulher disse que as autoridades iranianas continuam a recusar o acesso de torcedoras aos jogos no país, apesar da pressão da federação internacional de futebol.
– A federação iraniana não é apenas cúmplice dos crimes do regime. É uma ameaça direta à segurança das torcedoras no Irã e em qualquer lugar do mundo onde nossa seleção jogue. O futebol deve ser um espaço seguro para todos nós – diz a carta, que continua:
– É por isso que, como torcedores do futebol iraniano, é com coração extremamente partido que temos que levantar nossa mais profunda preocupação com a participação do Irã na próxima Copa do Mundo da FIFA.
– Por que a FIFA daria ao Estado iraniano e a seus representantes um palco global, enquanto não só se recusa a respeitar os direitos humanos básicos e as dignidades, mas está atualmente torturando e matando seu próprio povo?
A carta conclui: "Portanto, pedimos à FIFA, com base nos artigos 3 e 4 de seus estatutos, que expulse imediatamente o Irã da Copa do Mundo de 2022 no Catar".
Os artigos 3 e 4 regulam as questões de direitos humanos e não-discriminação com base em gênero, raça, religião e outros assuntos, com violações puníveis com suspensão ou expulsão do órgão global.
Nem a FIFA nem a federação iraniana responderam imediatamente a um pedido de comentários da Reuters.
O pedido da Open Stadiums acontece em meio a protestos em várias cidades do Irã contra a morte de uma mulher de 22 anos sob custódia policial no dia 13 de setembro. Segundo grupos de direitos humanos, pelo menos 83 pessoas morreram em quase duas semanas de manifestações.
O presidente Ebrahim Raisi descreveu os protestos como a última de uma série de movimentos contra o Irã por potências ocidentais hostis desde a revolução islâmica de 1979.
A Open Stadiums tem feito campanha na última década para que as mulheres possam assistir a partidas de futebol no Irã, mas com pouco sucesso.
Sob pressão de Infantino, um pequeno grupo de torcedoras teve acesso ao jogo do Persepolis na final da Liga dos Campeões Asiáticos em Teerã, em 2018.
Desde então, o progresso foi mínimo. Em março, torcedoras foram impedidas de entrar no jogo que classificou o Irã para o mundial contra o Líbano em Mashad, e vídeos online mostraram mulheres sendo atacadas com gás de pimenta fora do estádio.
A seleção treinada por Carlos Queiroz jogou seus últimos amistosos contra Uruguai e Senegal na Áustria com portões fechados por questão de segurança.
O Irã deverá participar de sua sexta Copa do Mundo e foi sorteado para enfrentar Inglaterra, País de Gales e Estados Unidos.