Os custos da modernização foram de R$ 666,3 milhões, com início no dia 25 de janeiro de 2010 e entrega em dezembro de 2012. Durante as obras, saíram os gritos dos torcedores para a entrada das máquinas com uma trilha sonora bem diferente das últimas décadas.
Nesta sexta-feira, dia 3 de fevereiro, completam-se exatos 10 anos da primeira partida oficial no novo Gigante da Pampulha, que não poderia acontecer em um jogo diferente do maior clássico da capital. Cruzeiro e Atlético-MG se enfrentaram, com vitória da Raposa por 2 a 1, no começo de um ano histórico para os dois times.
O ano de 2013 seria marcante para o futebol mineiro, indo além da reinauguração do maior estádio de Minas Gerais. Meses depois, o Cruzeiro seria campeão brasileiro, enquanto o Galo conquistaria, pela primeira vez, a Taça Libertadores da América. Uma das novidades para a época foi o estádio estar sob concessão, com contrato de 25 anos assinado junto à Minas Arena.
A esperada partida teve a chuva como adversária no dia anterior, quando o gramado do novo Mineirão ficou completamente alagado após a quantidade de água que caiu na região da Pampulha, em Belo Horizonte. O sol foi parceiro no dia seguinte e contribuiu para que a desejada festa se confirmasse.
Enquanto muitas mudanças estruturais aconteceram, uma característica fundamental ficou intacta: a fachada do estádio, tombada pelo Conselho de Patrimônio Histórico de Belo Horizonte, pois compõe o complexo da Pampulha, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer.
Mudanças, sustentabilidade e modernização
Por mais que o que acontecesse no campo fosse importante, as atenções também estavam voltadas para o entorno do gramado, para as arquibancadas, para os torcedores e o acesso de quem estaria, finalmente, acompanhando uma partida no maior templo do futebol mineiro, depois de quase três anos. Um estádio de Copa exigiria, para muitos torcedores, um novo tipo de atendimento, conforto e comodidade, situação que acabou decepcionando muitos que foram com uma alta expectativa de um serviço diferenciado em um estádio moderno.
As 62.170 cadeiras substituíram os assentos de cimento, o telão agora era de alta definição, o estacionamento tornou-se coberto em boa parte e a esplanada construída fornecia um novo tipo de acesso aos torcedores. A esplanada fica na parte externa e circula o estádio, com 80 mil metros quadrados. O local tem recebido, desde então, shows e eventos, além de ser utilizado pela população para prática de atividades de lazer ao ar livre. A modernização melhorou a acessiblidade para deficientes físicos.
A imprensa também ficou mais bem instalada com cabines com melhor estrutura. O local foi construído com capacidade para cerca de três mil jornalistas, com mil mesas de trabalho. As salas para coletivas de imprensa e áreas para entrevistas foram melhoradas. Uma passarela de acesso direto entre Mineirão e o ginásio do Mineirinho, com 15 metros de largura, foi construída.
Engenharia verde
A sustentabilidade foi uma das principais novidades. A cobertura do estádio capta energia solar e a transforma em energia elétrica. A água da chuva acumulada também é aproveitada por meio de sistema de armazenamento que comporta cinco milhões de litros de água. A água passa por tratamento para ser utilizada na irrigação de gramado, bacias e mictórios, o que representa cerca de 70% do consumo total do estádio.
Todas essas foram novidades e situações bem diferentes do antigo Mineirão, que, até hoje, desperta saudade em torcedores mais tradicionais. Alguns lamentam pela redução da capacidade e pelas 700 árvores do estacionamento anterior, que foram cortadas. Segundo a Minas Arena, como forma de compensação das árvores cortadas, foram plantadas, nos anos de 2014 e 2015, um total de 11 mil mudas em 24 bairros da região da Pampulha.
O recorde de público do estádio, que nunca mais será batido, aconteceu no dia 22 de junho de 1997, na final do Campeonato Mineiro entre Cruzeiro e Villa Nova, sob os olhares de 132.834 torcedores. O famoso "tropeirão", prato típico do estádio, nunca mais foi o mesmo para muitos torcedores.
Falhas de estrutura e revolta da torcida
Antes, durante e depois do clássico de reinauguração, vários torcedores reclamaram da falta de estrutura nos banheiros e da falta de água nos bebedouros, além da dificuldade de acessar o estacionamento. Falta de estoque de alimentos e bebidas geraram problemas de distribuição, acarretando em bares fechados após o acesso dos torcedores.
Muitos tiveram dificuldades para comprar e retirar ingressos, gerando grande revolta. A compra dos bilhetes foi iniciada com três horas de atraso, além do trânsito, um problema de anos, que incomodou a muitos e persiste até os dias de hoje. Na época, o Ministério Público abriu um inquérito para apurar as irregularidades.
Explicações, "mea culpa" e críticas
Um dia depois do clássico, o secretário de Estado Extraordinário da Copa (Secopa), Tiago Lacerda, disse que algumas falhas eram inaceitáveis. "Por tudo que eles passaram – problema nos bares, água e alimentos –, os torcedores se comportaram muito bem. Identificamos algumas falhas normais, passíveis de correção, simples. Mas tivemos problemas graves. A falta de água é inaceitável”, afirmou.
O consórcio Minas Arena foi multado em R$ 1 milhão pelo governo de Minas. O então presidente da Minas Arena, Ricardo Barra, admitiu as falhas e indicou que a concessionária deveria ter se planejado melhor para um atendimento mais eficiente ao público do Mineirão.
Números
- Contrato com 25 anos de operação, até 2037
- Dois anos, 10 meses e 26 dias de obras
- 453 jogos realizados até aqui
- Público total: 10.908.456 pessoas
- 1.176 gols marcados
- 2.674 vagas (1.704 cobertas, 970 descobertas, 52 vagas para deficientes, 71 para bicicletas, 41 para carga e descarga, 61 para motos e duas para os Bombeiros)