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Novo Mineirão faz 10 anos: relembre as polêmicas do estádio desde a reabertura

Josias Pereira
Mineirão reabriu suas portas em 2013 para abrigar o futebol e também as polêmicas
Mineirão reabriu suas portas em 2013 para abrigar o futebol e também as polêmicasMineirão/Twitter Oficial/Divulgação
O Mineirão completa 10 anos de sua reinauguração neste ano. E nesta trajetória, sobraram também polêmicas envolvendo a arena multiuso e patrimônio do povo de Minas Gerais. O fatídico 7 a 1 não foi o único episódio infame que golpeou o robusto e sexagenário gigantão, um colossal monumento no cartão postal mais conhecido de Belo Horizonte, a Lagoa da Pampulha.

Cadê a água? 

Cruzeiro venceu o primeiro clássico do Novo Mineirão
Cruzeiro venceu o primeiro clássico do Novo MineirãoVipcomm/Divulgação

Tudo começou logo na partida de reabertura do estádio. Simplesmente um clássico entre Cruzeiro e Atlético. O torcedor queria, além de ver o maior jogo do estado, se reencontrar com o estádio que ficou fechado para obras, obrigando os dois maiores clubes de Minas a atuarem pelo interior mineiro, na Arena do Jacaré, estádio localizado em Sete Lagoas, na região metropolitana de BH, e posteriormente no Independência. 

Foram dois anos e oito meses de espera para que os torcedores adentrassem nas dependências do Mineirão e vissem uma nova operação, mas muitas falhas. Em uma obra orçada em mais de R$ 690 milhões, o primeiro teste foi um fracasso. A previsão inicial era de que 34 bares funcionassem, mas os torcedores reclamaram que a previsão não foi cumprida. E o pior de tudo, não havia bebedouros suficientes no local, com os torcedores se hidratando com a água das torneiras do banheiro, tudo isso em um calor de 30 graus na capital mineira.

Mas o negócio ficou ainda pior quando a água disponível no bebedouro e no banheiro acabou. Um pandemônio que colocou em ação até o Ministério Público de Minas Gerais, questionando a Minas Arena, concessionária do estádio, sobre a operação do jogo inaugural. No campo, o Cruzeiro venceu o Atlético Mineiro por 2 a 1, em jogo antecipado da terceira rodada do Estadual de 2013. 

Toca 3 ou Salão de Festas? 

Cruzeiro celebra a conquista do Campeonato Brasileiro de 2014
Cruzeiro celebra a conquista do Campeonato Brasileiro de 2014Cruzeiro/Divulgação

Uma das grandes polêmicas relacionadas ao Mineirão se dá também por aquela "zoeira" entre as torcidas de Cruzeiro e Atlético Mineiro para saber quem manda no estádio. Desde sua reabertura, o futebol mineiro viveu um período de ouro, com os dois maiores clubes do estado chegando a decidir uma Copa do Brasil. Para os cruzeirenses, o Mineirão é a Toca 3, uma alusão às duas Tocas, os centros de treinamento que o clube possui. Seria, portanto, uma extensão do patrimônio celeste. Desde a reinauguração, o Cruzeiro venceu dois Campeonatos Brasileiros, duas Copas do Brasil, dois Campeonatos Mineiros, além do celebrado retorno à elite do futebol brasileiro no ano passado. 

Atlético conquista primeira e única Libertadores de sua história no Novo Mineirão
Atlético conquista primeira e única Libertadores de sua história no Novo MineirãoAtlético Mineiro/Divulgação

Já para o torcedor do Atlético Mineiro, o Mineirão é o "Salão de festas". O clube se acostumou a fazer jogos no Independência e decidir grandes partidas no Gigante da Pampulha, conquistando a Copa Libertadores, a Recopa, duas Copas do Brasil, um Brasileiro e seis Mineiros desde que o maior estádio de Minas foi reaberto. 

E qual tropeiro era o melhor? 

O tropeiro do antigo Mineirão
O tropeiro do antigo MineirãoBaixaGastronomiaNet/Reprodução

Ir ao Mineirão é uma experiência que todo mundo sabe, precisa ser acompanhada por um tropeiro. O tradicional prato com feijão, arroz, um bife de porco, couve, ovo, torresmo e molho é tradição do estádio. Mas desde que o Mineirão foi reinaugurado, os torcedores sempre se recordam com saudosismo do antigo tropeiro que, para muitos, tinha um sabor especial e bem diferente do que é atualmente ofertado pelo estádio. 

Área verde e estacionamentos

O Novo Mineirão ganhou uma esplanada que hoje é um espaço para a realização de shows e também de lazer para os moradores da capital mineira, com bares e restaurantes. Mas, antigamente, o espaço hoje tomado pelo concreto era composto por 712 árvores, todas elas cortadas e distribuídas para 200 artesãos espalhados em Minas Gerais. Muita gente ainda reclama da decisão e questiona o espaço hoje que circunda o estádio. Outro ponto polêmico é o estacionamento do Mineirão, que hoje abriga cerca de 2.800 carros. O antigo espaço tinha capacidade para 4.500. A justificativa para essa alteração no número de vagas se dá, especialmente pela Copa de 2014, na preferência da FIFA pelo transporte público. 

Não pagou, usou e o caso foi parar na Justiça

Cruzeiro e Minas Arena iniciaram uma briga judicial pela utilização do Mineirão em março de 2016. Tudo se deu porque em 2013, quando o Atlético Mineiro se sagrou campeão da Libertadores no Gigante da Pampulha, em vitória nos pênaltis sobre o Olimpia, do Paraguai, o arquirrival celeste foi isento da taxa de operação. O Cruzeiro, que era então presidido por Gilvan de Pinho Tavares, compreendeu que também possuía o mesmo direito e simplesmente suspendeu o pagamento dos valores. O caso foi parar na Justiça, com o clube celeste passando a depositar 25% da renda líquida de seus jogos realizados no Mineirão em juízo. Na sequência desta matéria, você verá que Ronaldo questionou os preços praticados pela Minas Arena. Isso não é novo no Cruzeiro. Começou com Gilvan e teve até reclamação de Itair Machado, um dos responsáveis pela dilapidação do patrimônio celeste e a consequente queda à segunda divisão nacional. 

Casa de Shows ou estádio de futebol? 

O início de 2023 foi turbulento para o Mineirão, que se meteu em uma polêmica com os torcedores mineiros após ser divulgado que o estádio não poderia receber o primeiro jogo da final do Campeonato Mineiro, marcado para o dia 1º de abril, por ter uma agenda marcada para um megashow do cantor Gusttavo Lima. O anúncio foi a gota d´água para que muitos torcedores reclamassem da quantidade de shows que o estádio vem recebendo, debatendo se o espaço seria mesmo uma arena futebolística ou uma casa de espetáculos. A Minas Arena nega, com veemência, que há uma preferência pelos shows. 

A concessionária apontou até números mostrando que 80% do faturamento do ano passado foi oriundo dos 55 jogos que o espaço sediou. Os outros 20% foram provenientes dos 156 shows no estádio. Mas com a polêmica no ar, o estádio tratou de explicar que não há bloqueio na agenda do estádio, destacando ainda que as datas para espetáculos são definidas de forma prévia, diferentemente do futebol, onde os calendários são divulgados em datas que se aproximam da disputa dos jogos. Sem partidas no estádio, a Minas Arena busca eventos para bancar sua remuneração e também cumprir com as metas de repasses do governo estadual, que firmou um contrato de 25 anos de administração com a concessionária. 

Rompimento com o Cruzeiro de Ronaldo 

A mais recente polêmica envolvendo o Mineirão se dá justamente pelo fato de o Cruzeiro SAF, por meio de seu proprietário, o ex-jogador Ronaldo Fenômeno, ter anunciado o rompimento de ligações com o estádio. O dirigente questionou as contrapartidas oferecidas pela Minas Arena, destacando os altos custos de partidas no local e decidiu fechar um contrato com o Independência por toda a temporada (resta saber se isso será realmente cumprido). A Minas Arena recebeu com surpresa a declaração do Fenômeno e mostrou-se aberta a dialogar em busca de um acordo favorável às duas partes. 

Governo precisou intervir

A polêmica foi tão grande neste início de ano que o governo de Minas Gerais veio a público se manifestar sobre o caso Mineirão, criando um comitê para fiscalizar as datas dos eventos fora do futebol que acontecerão no Mineirão agendados pela Minas Arena. O grupo formado por integrantes de Cruzeiro, Atlético e América, além de outros agentes, deve receber, para os 12 meses seguintes, todas as atividades que serão realizadas no Gigante da Pampulha. O fato é que o Mineirão, se aproximando do mês de março, ainda não recebeu uma partida de futebol sequer nesta temporada. E nunca é demais lembrar que ainda em 2023 ganhará a concorrência da Arena MRV, o novíssimo estádio do Atlético Mineiro, que vai tirar um importante cliente do espaço, justamente o Galo. Se o Cruzeiro seguir sem atuar no estádio, o que será do Mineirão?