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Os novos craques e o peso de ser um herdeiro de Pelé

Os novos craques e o peso de ser um herdeiro de Pelé
Os novos craques e o peso de ser um herdeiro de PeléAFP
De vez em quando, surge um "novo Pelé", uma alcunha pesada demais, imposta pela imprensa ou pela torcida a dezenas de jogadores de diferentes níveis.

Mas o que o "Rei" pensava disso? "Como na música, em que só existe um Frank Sinatra e um Beethoven, ou nas artes, com um único Michelangelo, no futebol só há um Pelé", disse em 1998, quando era ministro dos Esportes. "Meu pai e minha mãe fecharam a fábrica!", costumava dizer.

Zico, o "Pelé branco", viveu na pele a comparação. "Muitos jogadores sofreram porque quando tomaram o posto de Pelé, inclusive alguns negros como ele, tiveram que lidar com essa pressão", disse à AFP o ex-craque antes da Copa do Mundo do Brasil-2014.

Acompanhe a cobertura da despedida de Pelé

O "Pelé branco"

"Foi na França que começou esse apelido, foram os franceses que me fizeram assumir essa responsabilidade", contou o ex-craque do Flamengo e da Udinese (ITA). "Nunca gostei porque Pelé é Pelé, e é uma responsabilidade".

"Me sinto orgulhoso de que as pessoas se lembrem de mim e me comparem com Pelé porque é o melhor jogador da história do futebol", acrescentou o "Galo". "Agora, entrar em campo e que as pessoas queiram que a gente faça o que Pelé fazia, isso nunca aceitei, é outra coisa".

Zico foi uma espécie de "vice-rei do futebol": o ídolo do clube mais popular do Brasil honrou a camisa 10 e iluminou os anos 1980 e o Maracanã, do qual é o maior artilheiro de todos os tempos.

Mas diferentemente do tricampeão mundial, o "Pelé branco" tem uma história frustrante em Copas do Mundo: "joguei três Copas do Mundo e perdi uma única partida. E nunca disputei uma final. O futebol é assim".

No Brasil: Robinho e Neymar, os príncipes

Robinho e Neymar nasceram para o futebol no Santos, o lendário clube de Pelé. O primeiro, um garoto franzino, mas bom de drible, tornou-se o "príncipe" quando Pelé, ligado às categorias juvenis do time, sentenciou: "Esse garoto será um dos grandes".

Com apenas 18 anos, Robinho contribuiu para desempoeirar a galeria de troféus do Santos com o título de campeão brasileiro em 2002, o primeiro obtido após 18 anos de seca, abrindo o caminho para o segundo em 2004.

Foi transferido com pompa para o Real Madrid, mas sua carreira desmoronou rapidamente, após passagens pelo Manchester City, Milan, e o retorno ao Santos. Com a seleção, o "rei das pedaladas" escreveu uma história com detalhes surpreendentes, entre uma Copa América grandiosa, em 2007, e vários momentos de ostracismo.

Seu primeiro retorno ao Santos, em 2010, coincidiu com o aparecimento de outro craque, Neymar, a quem pôs sob sua proteção. O clube voltou à glória: o jogador magrinho, de cabelos extravagantes, conduziu o "Peixe" à conquista da Copa Libertadores em 2011.

Neymar chegou a ser considerado "a joia' do time por sua técnica surpreendente e também trocou o clube pela Europa: em 2013 foi para o Barcelona e deixou sua marca na Seleção, tornando-se um dos capitães do time após o desastre do "7 a 1" na Copa de 2014.

Neste mês, durante a Copa do Catar, Neymar igualou o Rei como maior artilheiro da história da Seleção (77 gols).

"Ney", duas vezes ganhador da Bola de Bronze (2015 e 2017), tornou-se o jogador mais caro da história em meados de 2017, ao ser transferido do Barça para o Paris Saint-Germain por 222 milhões de euros, mas nunca conseguiu sair da sombra dos dois maiores astros de seu tempo, o português Cristiano Ronaldo e o argentino Lionel Messi.

Mas o primeiro "novo Pelé" foi Washington, um jogador fisicamente parecido com o astro que atuou pelo Guarani nos anos 1970-1980 e que encantou os olheiros no Torneio de Cannes de 1971, mas não conseguiu dar continuidade à carreira. A pressão foi grande demais e o apelido dado pelos torcedores acabou se tornando um fardo. Ele morreu em 2010, aos 57 anos, por insuficiência renal.

E pelo mundo... 

Abedi Ayew, três vezes eleito Bola de Ouro africano (1991, 1992 e 1993), foi chamado de Abedi Pelé desde jovem por seus dribles endiabrados, um apelido do qual nunca reclamou. Embora tenha sido decisivo na final da Liga dos Campeões-1993 que venceu com o Olympique de Marselha, o ganês nunca jogou uma Copa do Mundo.

Freddy Adu foi chamado de "novo Pelé" aos 14 anos quando jogou sua primeira partida profissional em 2004, na MLS dos Estados Unidos. Mas, apesar de defender a seleção americana em uma Copa, nunca se destacou. Após passagens por Benfica e Monaco, Adu jogou em vários clubes de fora da elite do futebol mundial.