Claro que tais momentos não aconteceram com frequência, evidenciando a superioridade técnica e tática do Verdão na maior parte da temporada.
Mas é sabido como muitos times desmancham quando o vento sopra a favor do adversário, deixando pelo caminho pontos que poderiam fazer a diferença a curto e médio prazo. Derrotas foram inevitáveis — apenas duas no Brasileirão — e seriam normais em uma temporada longa, que teve o time alcançando um patamar mais sólido de competitividade no segundo semestre.
No primeiro, um dos poucos momentos de maior turbulência se deu ao perder o primeiro jogo da final do Paulista por 3 a 1 para o São Paulo. Antes, o Palmeiras havia sofrido quatro gols em todo o torneio, com 14 partidas até então. O jogo marcava a data de cinco meses sem que o Palmeiras tivesse sua defesa vazada por três vezes em uma mesma partida. Foram raros os jogos em que o adversário mostrou ampla superioridade diante dos alviverdes.
Roteiro da conquista
No caso do Palmeiras de Abel Ferreira, a pressão de um ou outro adversário até apareceu, mas o time paulista não permitiu que o controle de jogo mudasse radicalmente de mãos. A impressão que dava era de que o time sabia bem o que estava fazendo, ciente de que aquele momento de dificuldade era necessário para que a recompensa viesse em seguida.
“As dificuldades do time, muitas vezes, não são tão sentidas dentro de campo, graças ao entendimento tático da equipe, que sabia o que determinado momento pedia. O time conseguiu manter seu nível mesmo com seguidas mudanças, soube se comportar muito bem nas adversidades. Os obstáculos fizeram o time se tornar maduro para buscar retomadas após algumas dificuldades”, comenta o repórter Eduardo de Menezes, da ESPN, que acompanhou de perto a trajetória alviverde na temporada.
Apesar do grande número de vitórias, que fizeram o time dar saltos seguidos na tabela, empates também eram valorizados, sempre somando pontos para deixar a vida dos adversários diretos ainda mais complicada.
Segurar um empate não é tarefa das mais fáceis em situações de jogador a menos e forte pressão da torcida adversária. Um ponto, que já seria válido em alguns casos, acaba se transformando em três por não permitir que a defesa seja vazada antes de um contragolpe bem encaixado transformar o resultado a seu favor.
Recuperação rápida
Lições e exemplos que apareceram em outros torneios e, até mesmo, em outras temporadas, se repetiram no Campeonato Brasileiro. Com ajuda dessa "casca" bem construída, o Verdão impediu que o time se dividisse em pedaços e seguiu confiante com a sequência de jogos sem perder.
Um dos maiores exemplos veio na Copa Libertadores, quando o Palmeiras eliminou o Atlético-MG nas quartas de final. Depois de um empate sem gols em Belo Horizonte, a volta mostrava-se favorável ao Galo quando o time da casa teve um jogador expulso.
A pressão alvinegra foi bem suportada pelo Verdão, que ficou sem um segundo atleta no segundo tempo, fazendo as chances irem todas para o lado mineiro. Nem isso foi suficiente para eliminar o time de Abel Ferreira, que se segurou com emoção, mas também de forma organizada, antes da classificação vir nas penalidades.
Na fase seguinte, a eliminação contra o Athletico-PR foi um baque que não estava nos planos, com a equipe conseguindo se reerguer em um curto espaço de tempo. “Ali, o time parecia estar com a cabeça meio fora do eixo, e conseguiu retomar seu ritmo rapidamente”, lembra Menezes.
Os percalços serviram para moldar um Palmeiras "osso duro de roer", mas não apareceram com tanta frequência. Boa parte da temporada foi feita de vitórias com superioridade e mérito de um campeão que sabe, como poucos, ter o jogo nas mãos nos momentos bons e ruins.