Paris abre Olimpíadas com cerimônia inédita e espetáculo cultural nas águas do Sena
Obviamente, o evento não fugiu de críticas, mas cumpriu com o cronograma e se encerrou quase quatro horas depois com os multicampeões olímpicos Teddy Riner e Marie-José Pérec acendendo a pira olímpica.
De Astérix a Zidane
A cerimônia iniciou-se em vídeo, com destaque para o ator francês Jamel Debbouze, que interpretou o emblemático personagem Astérix nos cinemas. Ele puxou o revezamento da tocha olímpica na grande festa de abertura, honraria que depois foi cedida a Zinédine Zidane, astro do futebol mundial e campeão da Copa em 1998.
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O VT prosseguiu com cenas de ação do ex-jogador, correndo pelas ruas de Paris e acompanhado por três crianças que o seguiram até o metrô, uma das maiores representações da Cidade Luz. Zidane adentrou por um dos vagões, mas uma queda de luz interrompeu o trajeto. Neste momento, o francês passou a tocha para que as crianças dessem sequência ao revezamento.
Nas catacumbas de Paris, as crianças encontraram um homem misterioso e é a partir daí que a cerimônia ganha vida pelo rio Sena, apresentando inicialmente Thomas Bach, o presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), e o presidente francês Emmanuel Macron.
Entre o passado e a modernidade
Paris recebeu o mundo com fogos nas cores da bandeira francesa e uma expressão artística e cultural que perpassou a história gloriosa do país. Uma cerimônia que intercalou a passagem dos barcos com as delegações e apresentações marcantes, como a da estrela norte-americana Lady Gaga - mesmo que gravada anteriormente para decepção dos fãs - e a ícone da música pop francesa, a franco-malinesa Aya Nakamura.
Os principais pontos turísticos da cidade também foram visitados, dentre eles o Museu do Louvre e a Catedral de Notre Dame, onde também foram apresentadas as medalhas olímpicas, que carregam cunhadas em seu material pedaços da Torre Eiffel.
Festa brasileira no Sena
A delegação brasileira roubou a cena no barco Belami e fez a festa durante uma passsagem animada pelas águas do Sena. A previsão de chuva se confirmou, mas nem isso desanimou os brasileiros e o público que se espremeu em arquibancadas com confusos acessos no curso do rio.
A cerimônia contou ainda com a presença de uma animação dos famosos Minions, filme que tem como diretor o francês Pierre Coffin, responsável também pelas vozes dos personagens. O desenho foi criado pelo também francês Éric Guillon, que posteriormente virou diretor artístico do estúdio de animação Illumination.
Tributo às heroínas francesas
Outro ponto alto foi a homenagem às heroínas francesas, como a política e feminista Simone Veil. Dez estátuas foram erguidas em bases ao longo do Sena, obras que ficarão no local após a disputa dos Jogos Olímpicos como um presente à cidade.
A delegação francesa fechou o desfile com festa. Uma celebração histórica e jamais vista em uma edição olímpica, trazendo toda a energia das luzes que marcam a cidade e o orgulho do povo em receber o maior evento esportivo do planeta.
Cem anos depois da última edição de Jogos Olímpicos realizada em Paris, a organização prestou um tributo ao Barão de Coubertain, pedagogo e historiador francês, que ficou para a história como o fundador dos Jogos Olímpicos da era moderna. Além disso, momentos marcantes das competições ao longo dos anos foram exibidos na transmissão oficial.
O último ato com a realeza do esporte
O revezamento final da tocha olímpica voltou às mãos de Zidane, ovacionado pelo público. A chama passou então a Rafael Nadal, ícone do tênis mundial e que disputará a última Olimpíada de sua carreira. O espanhol fez o trajeto de barco pelas águas do Sena até chegar ao Museu do Louvre, local da Pira Olímpica.
Nadal foi acompanhado por outras lendas do movimento olímpico: Serena Williams, Nadia Comăneci e Carl Lewis, que também carregaram a tocha. Após o percurso, o fogo olímpico, já em terra, foi entregue a ex-tenista Amélie Mauresmo, diretora de Roland Garros.
Nas portas do Louvre, o ex-jogador de basquete Tony Parker, quatro vezes campeão da NBA pelo San Antonio Spurs, deu sequência ao revezamento, que também contou com a presença de atletas paralímpicos franceses. Uma caminhada que se estendeu ao Jardin des Tuileries com ícones do handebol, da esgrima, do judô, natação, atletismo e ciclismo da França, até que a chama chegou aos multicampeões olímpicos Teddy Riner e Marie-José Pérec, os responsáveis por acender a pira olímpica.
Uma festa que entrou para a história, com o fogo dos Jogos se erguendo pelos céus de Paris em alusão ao primeiro voo de um balão de hidrogênio, em 1783, pelo químico e físico Jean-François Pilâtre e Rozier e o Marquês François D’Arlandes. A cerimônia emocionante se encerrou com uma apresentação marcante de Céline Dion, que não cantava em público desde o descobrimento de uma doença autoimune.