Quem é Granit Xhaka, meia que vai enfrentar o Brasil na 2ª rodada da Copa
Naquela época, o Brasil contava com atletas que estão na Copa do Mundo do Catar, como Neymar, Casemiro e Alisson. Xhaka já era uma das referências da Suíça no último Mundial, quando também enfrentou a Seleção Brasileira na fase de grupos — empate por 1 a 1.
No Arsenal desde 2016, Xhaka está em sua terceira Copa do Mundo e chega com números que chamam a atenção. Seu crescimento na atual temporada se dá, principalmente, pela mudança de posição, tendo mais liberdade para chegar ao ataque e abastecer os homens de frente.
A bola passa pelos seus pés em quase todas as criações de jogadas. Nas temporadas anteriores, quando chegou a ser questionado, Xhaka não tinha o mesmo rendimento, uma vez que também tinha como missão desarmar os adversários — responsabilidade que não desempenha com o mesmo primor de quando tem a bola dominada.
"Nas últimas temporadas, ele atuava mais como uma espécie de volante. Agora, com a presença do Zinchenko, que joga como um armador/lateral pela esquerda, caindo pelo lado, o Xhaka tem mais liberdade para atacar e chegar na área adversária. Os números de gols, assistências e passes diretos para gol nesta temporada são maiores do que nas últimas. Essa mudança tática o favoreceu", explica Mário Marra, comentarista da ESPN.
"Quando o Arsenal não tem a bola, ele se posiciona como um marcador. Com ela, vira um elemento surpresa. Seu crescimento foi muito grande. Claro que isso tem a ver com o atual momento e com a confiança que o Arteta dá a ele."
Confira tabela completa da Copa do Mundo
Na atual temporada, são 20 jogos pelo Arsenal, com quatro gols e duas assistências. O número de bolas na rede, somente em 2022/23, é superior ao das últimas três temporadas somadas. Recentemente, o volante Mohamed Elneny, companheiro de Xhaka no clube inglês, analisou o crescimento do suíço e destacou a ausência de Aubameyang, que se transferiu para o Chelsea.
"Ele afirmou que não existe muito espaço para estrelas neste elenco do Arsenal, o que não deixava de ser uma cutucada em Aubameyang. O ambiente mais tranquilo faz bem para Xhaka, que não tem aquela necessidade de competir com um ou outro jogador. O elenco é colaborativo, isso o ajuda bastante. Ele parece ser aquele jogador que, quando o ambiente está pesado, ele contribui pra ficar mais pesado. Quando o clima está mais leve, ele também se dá bem", acrescenta Marra.
Volta por cima
A situação do jogador no Arsenal deu uma reviravolta. Basta se lembrar de incidente ocorrido em novembro de 2019, em jogo contra o Crystal Palace. Na oportunidade, ele xingou os torcedores que o vaiavam e chegou a atirar longe a camisa que usava, antes de se desculpar por meio de carta.
A perda da braçadeira de capitão parecia ser um passo antes da despedida do time, que não se confirmou. Sua reconstrução passa diretamente pela presença do técnico Mikel Arteta, que soube explorar bem seu potencial no meio-campo dos Gunners.
“Estive muito, muito perto de sair. Quando eu digo isso, era como se eu precisasse só pegar minhas coisas e sair pela porta. Mikel foi o cara que me impediu de sair. Tive uma boa conversa com ele, nunca tinha o visto antes. Disse a ele desde o primeiro encontro que eu queria ir embora. Não era contra ele, mas, pela história que tinha acontecido, eu achava que não podia jogar novamente com essa camisa”, afirmou Xhaka à BBC Sport.
"Mas eu sabia que, com Mikel e sua equipe, poderia mudar as coisas. Eu me preparei para isso. Não estou aqui porque meu pai é o técnico e ele sempre escolhe seu filho o tempo todo, acho que tenho qualidade para ser um bom jogador para este clube. Quero dar algo de volta. Futebol não é só subir, às vezes você também precisa cair”, diz o meio-campista, que voltou a ter a faixa de capitão na ausência de Martin Odegaard.
A preferência de Arteta por Xhaka se nota pela capacidade do jogador, que chegou a fazer papel de zagueiro e lateral esquerdo sob as ordens do treinador.
"Acho que ele sente agora que o amor e o respeito vão nos dois sentidos. Você vê nossos torcedores e a maneira como estavam cantando para Granit. Isso o deixa emotivo. Isso o faz tentar dar ainda mais e estou muito feliz porque ele merece totalmente. O que explica sua fase? A consistência, o comportamento diário, o que aprendeu na carreira e a vontade de tentar melhorar, de olhar para frente. Quando você faz isso, normalmente coisas boas acontecem”, destacou Arteta.
No início de outubro, após grande atuação contra o Brentford, Xhaka teve seu nome cantado pela torcida e se emocionou, colocando um possível ponto final da história de amor e ódio, que agora tende para apenas um dos lados.
Brasil pode encontrar um Xhaka diferente
Enquanto Xhaka joga mais adiantado no Arsenal, é possível que ele não tenha a mesma liberdade pela Suíça na Copa do Mundo. Sua faixa de atuação é a mesma, mas sua função na equipe não costuma permitir avanços semelhantes.
"O Freuler, que joga no Nottingham Forest, é quem sai mais para o jogo, assim como o Sow, do Frankfurt. O Xhaka fica mais por conta da saída de bola. Claro que isso pode ser mudado, podemos ter um desenho que lhe dê mais liberdade. Mas não vejo isso tão claro agora, seria preciso um tempo de adaptação. Seria bom para eles e não tão bom para o Brasil, mas não sei se o técnico suíço está disposto a isso", indica Marra.