Pela primeira vez em quase um século, surge a opção real de um estrangeiro comandar a Seleção Brasileira — o próprio presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, admite a possibilidade. Técnicos que reinaram no futebol do país nos últimos anos, os portugueses Abel Ferreira e Jorge Jesus são alguns dos mais cotados.
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Oficialmente, o único treinador de outro país a comandar a Seleção de forma definitiva foi o uruguaio Ramón Platero, no Sul-Americano de 1925. O português Joreca, em 1944, e o argentino Filpo Núñez, em 1965, chegaram a estar à frente da equipe, mas apenas em amistosos festivos.
Pep Guardiola e Carlo Ancelotti, da primeira prateleira do futebol mundial, também estão entre os sonhos de consumo da CBF, mas a contratação de qualquer um deles é praticamente impossível.
Diante da dificuldade de competir com os grandes clubes da Europa, técnicos brasileiros de destaque no cenário nacional também aparecem como alternativas. Dois nomes em especial estão no radar, segundo o próprio Ednaldo Rodrigues: Dorival Júnior e Fernando Diniz.
Cuca, Renato Gaúcho e Rogério Ceni chegaram a despontar nos últimos anos como eventuais sucessores de Tite, mas perderam espaço após trabalhos recentes. Já Mano Menezes fez um ótimo 2022 com o Internacional, porém o desgaste de uma passagem frustrante pela Seleção (2010-2012) dificulta a vida do gaúcho.
Confira os principais candidatos a novo técnico do Brasil:
Abel Ferreira
O trabalho do português em pouco mais de dois anos à frente do Palmeiras fala por si. Bicampeonato da Libertadores, título categórico do Brasileirão, Copa do Brasil, Campeonato Paulista… Abel Ferreira conquistou tudo que podia nos cenários nacional e continental. O técnico de 43 anos provou seu valor tanto nos pontos corridos quanto no mata-mata.
O estilo de jogo do Palmeiras de Abel chegou a ser alvo de críticas em alguns momentos — assim como seu temperamento nas entrevistas. A eficiência do trabalho, porém, é incontestável, e o treinador já mostrou muita capacidade de adaptação a diferentes adversários. O nome de Abel está na mesa da CBF e surge como uma das principais opções.
Dorival Júnior
O técnico de 60 anos ficou em evidência ao revolucionar o Flamengo em pouco tempo e levar a equipe aos títulos da Copa do Brasil e da Libertadores em 2022. Sem acordo pela renovação, Dorival Júnior deixou o clube após passagem super vitoriosa em pouco mais de cinco meses. As conquistas recentes e o futebol ofensivo o credenciam como um dos candidatos à sucessão de Tite.
Dorival, inclusive, foi o responsável pela ascensão de Pedro, que era reserva no Flamengo até sua chegada. O crescimento do atacante de 25 anos foi tão meteórico que culminou na convocação para a Copa do Mundo.
Em toda a carreira, o treinador paulista mostrou capacidade de desenvolver o talento de jovens jogadores, algo crucial para a nova geração da Seleção. Será a hora da reconciliação definitiva com Neymar, após a briga que causou a demissão do técnico do Santos em 2010?
Fernando Diniz
A divisão em torno de Fernando Diniz (48) é quase tão grande quanto a polarização política no Brasil nos últimos anos. Os “dinizistas” pregam o jogo vistoso e ofensivo que resgata a essência do futebol brasileiro, com toques curtos e posse de bola, além da potencialização dos talentos individuais; os críticos ressaltam a falta de conquistas relevantes e a instabilidade de seus trabalhos.
Em 2022, o Fluminense de Diniz foi consistente e regular, algo raro nos times anteriores do treinador. Os títulos não vieram, mas o terceiro lugar no Brasileirão e a semifinal da Copa do Brasil superaram as expectativas e o colocaram como um candidato real à Seleção Brasileira. E ele também conta com o apoio de muitos jogadores, que gostam do futebol praticado por seus times. Até mesmo Neymar já expressou admiração pelo técnico.
O que pesa contra Diniz, além da escassez de troféus, é o fato de nunca ter assumido uma equipe que era favorita nos grandes torneios, apesar de já ter treinado grandes clubes. Até então, ele surgiu como aposta para ir além do óbvio. Carregar uma responsabilidade do tamanho da Seleção pode ser um passo grande demais no atual estágio de sua carreira.
Jorge Jesus
O português de 68 anos fez um dos grandes trabalhos da história do futebol brasileiro no Flamengo de 2019. Conquistou Brasileirão e Libertadores com uma dominância poucas vezes vista nas últimas décadas, e deixa saudades até hoje na torcida rubro-negra.
Depois da passagem avassaladora pelo país, Jesus optou pelo retorno ao Benfica, mas não emplacou. Agora no Fenerbahçe, é líder do Campeonato Turco e está nas oitavas de final da Liga Europa, após passar em primeiro na fase de grupos. Um convite da Seleção Brasileira, no entanto, pode fazer o treinador repensar sua permanência no futebol europeu.
O nome de Jorge Jesus provavelmente é o que menos divide opiniões entre os cotados para a Seleção. Embora já tenham se passado três anos de suas principais conquistas pelo Flamengo, o português ainda é referência de um futebol vitorioso e bem jogado para os torcedores brasileiros. Esse prestígio pode pesar para a CBF enfim escolher um técnico estrangeiro.