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Robinho pode escapar da cadeia no Brasil? Veja quais são as táticas da defesa

Alex Xavier
Robinho nos tempos de Manchester City, em 2009
Robinho nos tempos de Manchester City, em 2009Divulgação/MCFC
Robinho foi condenado na Itália a nove anos de cadeia, por estupro, e pode cumprir a pena no Brasil. O Ministério Público Federal (MPF) já deu parecer favorável à prisão, e agora procura o ex-atacante da Seleção para notificá-lo do processo. É só uma questão de tempo para que ele vá parar atrás das grades?

Nesta terça-feira (8), a Justiça tentou notificar Robinho em um dos quatro endereços do ex-santista fornecidos pelo MPF: um no Guarujá, dois em São Vicente e um em Santos. O ex-atleta não foi encontrado.

Se a Justiça não conseguir notificá-lo até o final do mês, o julgamento segue à revelia — ou seja, sem que a defesa se manisfeste. Caso Robinho seja encontrado, ele pode tentar impedir o andamento do processo, que tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília.

O que a defesa pode tentar

A defesa do jogador não consegue mais apelar ou reverter a condenação, mas pode questionar a transferência da pena para o Brasil.

"A sentença estrangeira só terá validade se for homologada pelo STJ, ou seja, a defesa não vai poder entrar no mérito para discutir a justiça da decisão dada na Itália, mas apenas se restringir aos requisitos necessários para essa homologação", explicou Fabíola Sucasas, promotora do Ministério Público de São Paulo, ao Flashscore.

Defesa tenta evitar que Robinho cumpra pena no Brasil
Defesa tenta evitar que Robinho cumpra pena no BrasilProfimedia

Segundo a promotora, a defesa somente poderá "versar sobre a inteligência da decisão estrangeira" e a observância dos requisitos abaixo:

1) Ausência total ou parcial dos documentos necessários para a homologação (a decisão original ou cópia autenticada e acompanhada de tradução por tradutor oficial ou juramentado no Brasil, chancelados pela autoridade consular brasileira);

2) Sentença de origem proferida por autoridade competente;

3) Que as partes, no processo de origem, tenham sido citadas ou, em caso de revelia, que isso tenha se dado de acordo com o previsto na lei italiana;

4) Que ela não ofenda a soberania nacional, a dignidade da pessoa humana e/ou a ordem pública.

Caso a defesa conteste o processo, uma Corte Especial do STJ vai analisar a contestação. Se a defesa não se manifestar, a ministra Maria Thereza, presidente do Tribunal, bate o martelo final sobre a transferência da condenação.

O que o STJ vai analisar?

O Tribunal vai se ater “a questões formais” e “basicamente se (a sentença) ofende a soberania nacional, a dignidade da pessoa humana e/ou a ordem pública”, disse Sucasas.

O Ministério Público já observou a “obediência aos requisitos legais do pedido” e deu parecer favorável – ou seja, o pedido da Itália parece ter vindo certinho, de acordo com os requisitos brasileiros.

Em 2022, Robinho foi condenado na Itália a nove anos de prisão, em última instância, pelo “estupro coletivo” de uma jovem albanesa. O caso teria acontecido em uma boate de Milão em fevereiro de 2013, época em que o atacante jogava no Milan.

Robinho atuava pelo Milan na época do episódio
Robinho atuava pelo Milan na época do episódioProfimedia

Epidemia

“A Organização Mundial de Saúde considera a violência contra as mulheres e meninas uma epidemia. Mulheres correm maior risco de sofrer estupro e violência doméstica do que câncer, acidentes de carro, guerra e malária”, lembrou a promotora, que também é coordenadora do Núcleo de Gênero do Ministério Público paulista.

“Ao mesmo tempo que a sociedade compreende que é um fato gravíssimo, por trás da sua concepção e ao longo de um processo penal, há nessa rota uma série de pré-conceitos que contribuem para a impunidade”, acrescentou.

Sucasas também destacou que o protocolo de segurança que ajudou na prisão preventiva de Daniel Alves, na Espanha, foi adotada no mês passado no Estado de São Paulo. A cidade de Barcelona, onde ocorreu o caso, tem uma diretriz para espaços privados prevenirem agressões sexuais e agirem em caso de incidentes dentro dos estabelecimentos.

No dia 20 de março, o Núcleo de Gênero do MP-SP vai trazer professores da Espanha para um evento no Brasil sobre a aplicação do protocolo e a experiência catalã com a norma.