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Superliga terá punição em caso de atos de preconceito

Superliga terá punição em caso de atos de preconceito
Superliga terá punição em caso de atos de preconceitoEliezer Esportes/MTC
Pela primeira vez na história, a Superliga de vôlei, maior competição da modalidade em território brasileiro, tem, no seu regulamento, um item que indica possível punição para clubes que cometerem preconceito, por parte de torcedores, dirigentes, jogadores ou qualquer outro membro.

Se casos forem registrados e as medidas administrativas não forem tomadas pelos clubes, estes correrão o risco de perder um ponto. 

O Regulamento da competição prevê que, "caso configurada a prática de qualquer ato previsto no artigo 243-G (Praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência), quando não identificados os infratores e não for comprovada a adoção das medidas administrativas e criminais pela equipe em face dos autores do fato, ou, ainda, em caso de reincidência, a equipe vinculada à pessoa ou às pessoas que incorreram na prática do ato será penalizada com a perda de 1 (um) ponto."

Confira aqui os jogos da Superliga masculina de vôlei

A Superliga conta com alguns casos de preconceito de diferentes formas em sua trajetória. Em 2011, o central Michael, do Vôlei Futuro (SP), foi chamado de bicha por boa parte da torcida do Sada Cruzeiro durante jogo no ginásio do Riacho, em Contagem. 

Em 2012, foi a vez do Sada Cruzeiro ver um jogador do seu time ser vítima. Durante clássico contra o Minas, no ginásio da Rua da Bahia, um grito de "Wallace, seu macaco, volta pro zoológico" veio de uma torcida do Minas.

A palavra "macaco" foi ouvida outras vezes durante o jogo. Quem também sofreu com esta provocação foi a central Fabiana, em 2015, que ouviu a expressão "macaca quer banana" durante jogo da Superliga vindo das arquibancadas da Arena Minas. 

No primeiro caso, a "punição" ao Cruzeiro foi uma multa de R$ 50 mil, enquanto os incidentes seguintes não tiveram maiores consequências. Na última temporada, o central Dutra, do Brasília (DF), foi vítima de homofobia durante jogo contra o Natal (RN). 

"Esta nova regra foi uma decisão muito importante. O preconceito está aí e vai sempre existir. Precisamos combatê-lo de todas as formas, ainda mais dentro do esporte. Era algo que já poderia ter sido feito antes. Acho que vai inibir alguns casos e sua divulgação é fundamental. Os torcedores precisam saber que suas ações podem prejudicar seus clubes.", comenta o líbero Maique, do Itambé Minas, um dos favoritos ao título.

Maique, que também defende a seleção brasileira, é assumidamente homossexual e já precisou lidar com preconceitos por várias vezes. "Estamos em 2022, não cabe mais esse tipo de coisa, vivemos em um mundo diverso e não podemos mais aturar situações como esta. Espero que sirva de exemplo para outras ligas, para que esta luta seja reforçada.", pontua o defensor. 

Vanguarda

Mesmo tendo saído do papel mais tarde do que muitos gostariam, o exemplo é válido e tem tudo para ser seguido por outros torneios. Para combater o preconceito, é preciso ações como esta, indo além de campanhas e meros avisos de conscientização.

Confira aqui os jogos da Superliga feminina de vôlei

"Não temos receio algum de estarmos na vanguarda, principalmente quando nossos atos representam os valores que acreditamos, como foi o caso da regra de regularidade financeira. Embora acreditemos que a conduta serve de exemplo e que é importante ser seguida, entendemos que esta avaliação pertence aos gestores das outras entidades, ligas e modalidades.

"É de nossa vontade estabelecer diálogo constante e assimilar propostas das demais entidades, ligas e modalidades que nos coloquem na direção que acreditamos", afirma Marcelo Hargreaves,  gerente de Superliga e Novos Negócios da CBV.  

Para que um time chegue à situação de perder um ponto, alguns caminhos são necessários. O fato deverá ser devidamente encaminhado ao STJD, órgão competente para analisar e julgar tais situações. Caso o Tribunal decida pela punição, além das penalidades previstas, caso o clube não comprove que adotou as medidas necessárias, ou em caso de reincidência, além da punição pela Justiça Desportiva, poderá ser penalizado com a perda de um ponto na competição. 

"Há um consenso entre a CBV e toda a comunidade do voleibol, de que o voleibol é um esporte inclusivo, e que preza pela diversidade, representatividade, harmonia e respeito entre os atletas. A sugestão desta regra foi abraçada por unanimidade e traduzida num item do regulamento.", reforça a entidade. A Superliga masculina começa no dia 21 de outubro, enquanto a feminino tem início no dia 28.