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OPINIÃO: Nadal é gênio, mas não soube a melhor hora de parar

Alex Xavier
O ex-número 1 do mundo após a derrota na Copa Davis
O ex-número 1 do mundo após a derrota na Copa DavisProfimedia
Dizem que só Pelé soube parar no auge, então Rafael Nadal pode ser perdoado. Mas a última dança da lenda espanhola do tênis, nesta terça-feira (19), acabou se revelando um dos seus poucos vacilos na carreira.

Rafa passou a temporada inteira sem conseguir encaixar seu melhor jogo, venceu apenas um tenista do top 10 no ano, e, ao perceber que aos 38 anos não voltaria à melhor forma, escolheu a super competitiva Copa Davis como seu último torneio.

O último ato não foi bonito: o espanhol perdeu em sets diretos para o número 80 do mundo, sem jogar bem, e viu sua carreira acabar de fora da quadra, já que não foi escalado para a partida de duplas que selou a eliminação da Espanha frente à Holanda.

A pressão de não aposentar Nadal precocemente parece ter prejudicado seus companheiros de seleção (Carlos Alcaraz e Marcel Granollers), que se mostraram visivelmente nervosos no terceiro jogo do dia.

Alcaraz sofreu mais do que o habitual para superar Tallon Griekspoor no Jogo 2 que empatou a série. Carlitos olhava o tempo inteiro para o banco da Espanha, onde achava Nadal de pé, tenso, emocionado, preocupado.

Pressão: Alcaraz (dir.) disse que queria conquistar a Davis para Nadal
Pressão: Alcaraz (dir.) disse que queria conquistar a Davis para NadalAFP

Ou seja, Rafa não só não conseguiu pendurar a raquete com um título, como prejudicou as chances de seu país de seguir em frente na Davis.

Um outro detalhe cruel: o duelo contra os holandeses terminou depois da meia-noite em Málaga, quando a arena já não estava mais completamente lotada.

Qual a hora de parar?

Roger Federer – rival e amigo de Nadal – afirma no documentário de sua despedida do esporte que ninguém está preparado para se aposentar.

Mas Federer foi mais esperto. Ele pendurou as raquetes em um torneio de exibição (a Laver Cup de 2022), jogando ao lado de seu parceiro espanhol, e em um evento que foi todo sobre o suíço.

Federer e Nadal jogaram juntos na despedida do suíço
Federer e Nadal jogaram juntos na despedida do suíçoAFP

Andy Murray, antes de sua despedida do tênis em Paris 2024, comentou que não queria parar. Assim como Rafa, porém, o escocês sucumbiu às lesões e à idade.

No entanto, Murray respeito o tempo e pôde ganhar uma cerimônia bonita na grama sagrada de Wimbledon, onde conquistou dois títulos, com toda pompa e circunstância, antes de pendurar a raquete nos Jogos Olímpicos. 

Nadal também não queria parar, mas o tênis o deixou antes que ele pudesse deixar o tênis.

Ele teve duas lindas janelas nesta temporada para pendurar as raquetes: o Masters 1000 de Madrid, no qual alcançou as oitavas de final, e as Olimpíadas de Paris.

Uma terceira janela teria sido o ATP de Bastad, na Suécia, mas o maiorquino foi derrotado na única final que alcançou no ano.

Em retrospecto, Paris 2024 teria sido quase perfeito: Rafa perdeu para o outro membro do "big 3", Novak Djokovic, na segunda rodada do torneio que foi disputado no saibro sagrado de Roland Garros, onde Nadal conquistou 14 troféus.

O duelo contra o sérvio acabou sendo seu penúltimo jogo como profissional em simples, antes da esquecível derrota para Botic Van den Zandschulp em Málaga.

Nas Olimpíadas, Rafa também chegou às quartas de final ao lado de Alcaraz, o tenista que vai continuar seu legado no tênis espanhol.

Em contrapartida, o adeus “mundano” desta terça-feira tem alguns méritos.

Ele vai de encontro à humildade de Nadal e à essência do tênis. Também mostra que o momento da despedida pouco importa perto da gigantesca história que o ex-número 1 do mundo construiu.

E nos lembra que os GOATs nunca estão prontos para se aposentar.

A opinião dos editores não necessariamente reflete a do Flashscore
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