Exclusivo: Ex-técnico de Nadal abre jogo sobre aposentadoria da lenda do tênis
O sobrinho de Toni Nadal vai pendurar as raquetes após as finais da Copa Davis, em Málaga, que acontece de 19 a 24 de novembro.
Além da carreira do espanhol, o treinador também falou do compatriota Carlos Alcaraz e do momento de Rafa. Confira abaixo a entrevista com Toni Nadal, que atendeu ao Flashscore durante um evento de combate ao câncer de próstata:
Antes de mais nada, como a enchente que matou mais de 100 pessoas na Espanha afetou a academia de Rafa em Maiorca?
A enchente causou muitos danos lá (na academia), mas acho que é insignificante em comparação com a tragédia que vivemos em Valência.
Eu, particularmente, encarei isso com muita tristeza, porque perder tantas vidas de uma só vez é difícil, muito difícil. E depois ver as imagens na TV é desanimador.
Rafa se aposentará em algumas semanas. Como você vê esse momento da carreira do sobrinho?
Será um momento emocionante. Encerrar uma etapa de mais de 20 anos, a sua (pessoal), no tênis profissional, encerrar tudo de uma vez, é difícil.
Mas, por outro lado, nós sabíamos que esse momento tinha que chegar e que estava muito próximo. Então, encaramos como se fosse normal.
Alguns dizem que se aposentar no auge, como fez Toni Kroos, é a maneita ideal. Acha que existe um bom momento para tomar esta decisão?
As pessoas sempre tendem a culpar os outros por coisas que elas mesmas não fazem. Rafael achou difícil se aposentar porque, para qualquer pessoa, é difícil parar de fazer uma atividade que você gosta e que faz há muitos anos.
Depois disso, meu sobrinho viveu outra realidade: durante anos, ele conviveu com problemas, com lesões que conseguiu superar. Dessa vez, não foi assim. Não aconteceu, e quando ele percebeu que era impossível (continuar), ele se aposentou. Mas antes disso, ele gostaria de continuar, é claro.
Você é o técnico do Rafa há muitos anos. Você gerencia esses esportistas de forma mais psicológica ou precisa ser duro com eles?
Bem... Acho que você passa por estágios. Quando você é jovem, está em um processo de treinamento e, depois, quando chega à elite... Eu era um técnico muito exigente, mas sempre tentei transformar essa exigência em autoexigência.
No final, é o jogador que diz aonde quer chegar. O técnico acompanha e tenta motivar quando necessário, mas é uma questão pessoal de cada um. O esporte competitivo é exigente acima de tudo, e é preciso estar ciente disso.
Em Málaga, a passagem do bastão para Alcaraz será realizada durante a Copa Davis?
Acho que já está sendo bem organizada. Alcaraz está entre os melhores do mundo há alguns anos.
Ele é um grande jogador e acho que, felizmente para os espanhóis, temos um jovem que vai nos dar grande satisfação e que vai nos proporcionar muita diversão em muitos domingos em finais importantes.
Rafa é certamente o melhor esportista espanhol da história. Ao conquistar 14 vezes Roland Garros; como foi o processo de passar de odiado a reverenciado pelo público francês?
No primeiro ano, não tinha nenhuma animosidade. Acho que mais tarde, quando ele começou a ganhar tanto, as pessoas não queriam vê-lo ganhar tanto.
No final, o público francês se rendeu ao comportamento de Rafael porque, na vida, não se trata apenas de vencer; trata-se de como você vence.
Acho que Rafael fez isso muito bem, e é por isso que houve uma mudança na França, a ponto de ver o reconhecimento que lhe deram nas Olimpíadas.