Torcedores contam saga até Guayaquil: “Comprei antes da fase de grupos”
Para fugir da escalada dos preços em cima da hora, houve até quem comprasse passagem antes mesmo da fase de grupos da Libertadores, em dezembro de 2021. É o caso do flamenguista Luiz Carlos Querino da Silva (63), que esteve presente tanto no título em Lima (2019) quanto no vice em Montevidéu (2021).
“Sem dúvida nenhuma, fui o primeiro torcedor a comprar a passagem para Guayaquil, em 7 de dezembro de 2021. E se o Flamengo não estivesse? Não teria problema, porque, além de ser flamenguista fanático, eu sou fanático por futebol e por cultura, viagem, culinária. Viria tranquilamente a Guayaquil para conhecer”, diz o oficial superior da reserva da Marinha. “No Brasil vou em quase tudo. Até nos jogos fora, sempre que posso.”
O athleticano William Romero (36) também acompanha o time em todos os cantos. Depois de presenciar o bicampeonato da Copa Sul-Americana em Montevidéu, em 2021, ele agora sonha com a maior conquista do continente para o Athletico-PR. Para chegar a Guayaquil nesta sexta-feira (28), ainda precisou fazer uma conexão na Cidade do Panamá. Mesmo com os perrengues, ele tem a certeza de que viajar para a final era a única decisão possível.
“A questão de valer a pena é relativa. Mas o quanto eu me arrependeria de perder uma oportunidade dessas? O mental certamente ficaria prejudicado. Vou lá acalentar meus ânimos e meu coração”, afirma o advogado.
Esforço financeiro
Após a definição dos finalistas, houve pouco menos de dois meses para organizar a ida a Guayaquil — com exceção do flamenguista Luiz Carlos. E o torcedor que decide se deslocar para longe precisa coçar o bolso, principalmente para um país que não faz fronteira com o Brasil.
“Sempre envolve um esforço, especialmente neste momento de custos absurdos de passagens aéreas. Sou dependente do setor, inclusive, já que moro em Brasília mas sou de Curitiba. Reduzi as viagens e as comodidades de fim de semana para pagar a viagem de modo parcelado — o que evito fazer. A última vence em março, e espero poder comemorar até lá”, conta o athleticano William.
Com o planejamento para lá de adiantado, Luiz Carlos conseguiu as passagens por R$ 2.800 e dividiu em três vezes. “Mas tenho um amigo que pagou R$ 11 mil em um pacote, parcelou em não sei quantas vezes. Tem que fazer um pouco de esforço, é lógico, principalmente para quem deixa para a última hora.”
Insegurança?
A escolha de Guayaquil como sede da final despertou preocupação pelo aumento da violência na cidade, que registrou um crescimento de 60% nos homicídios neste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar dessa situação, o flamenguista destaca que a segurança está bastante reforçada, com policiais espalhados pela região.
“O clima está maravilhoso. É lógico que a gente sabe que é uma coisa diferente (pela final), aumenta a segurança. Sem dúvida nenhuma eles se prepararam para isso. E a gente que mora no Rio de Janeiro tem sempre as nossas precauções”, conta Luiz Carlos.
Palpite para a final
Como não poderia deixar de ser, os dois torcedores estão confiantes no título. “Palpite em jogo do Athletico é certeza de revés, não dou mais. Mas afirmo: seremos campeões”, crava William.
Luiz Carlos não deixa por menos: “Meu palpite é que o Flamengo vai ganhar. Espero que seja sem sofrimento. Vou de 2 a 0, pelo menos.”
E o Mundial?
Ainda sem data definida, o Mundial de Clubes da FIFA deve ocorrer em fevereiro de 2023, possivelmente nos Estados Unidos. A apenas um jogo de chegar lá, os torcedores de Flamengo e Athletico-PR já sonham com uma nova viagem.
“Nem tenho visto americano, mas se confirmar mesmo, pretendo pegar. Sem dúvida vou querer ir. (Em 2019) eu me endividei todo e fui para o Catar, no Mundial em que o Flamengo perdeu na prorrogação para o Liverpool”, revela o flamenguista.
O athleticano se mostra mais precavido, mas adianta que seguirá acompanhando a saga de seu time. “Primeiro precisa ser campeão para eu pensar em tais loucuras. Mas é difícil imaginar que não farei igual se formos até lá. Vale a lógica da oportunidade. O amor pelo clube é algo inexplicável e nos submete a situações despidas de qualquer lógica racional”, diz William.