O relatório final também indica que o órgão que regula o futebol europeu cometeu um "grande número de falhas que quase levaram ao desastre".
Nesta terça (14), a UEFA pediu desculpas ao Liverpool por “culpar injustamente” os torcedores do clube pelo caos que se desenrolou antes da final em Paris.
A decisão da Champions do ano passado foi adiada por 36 minutos depois que milhares de torcedores do Liverpool não puderam entrar no Stade de France. A polícia francesa foi filmada usando gás lacrimogêneo contra muitos seguidores do time inglês – incluindo mulheres e crianças – na entrada do estádio.
A final "será lembrada como um momento de sofrimento para muitos torcedores, mas também deve ser um lembrete de uma situação que certamente não queremos testemunhar novamente no futuro em nenhum evento esportivo na Europa ou em qualquer lugar do mundo", disse Tiago Brandão Rodrigues, deputado português que liderou a investigação.
"Evitar futuros desastres e melhorar o serviço prestado em eventos de futebol foi o objetivo do trabalho do Painel durante este processo", acrescentou ele sobre a investigação de 220 páginas.
A comissão incluiu consultores jurídicos, policiais e de gerenciamento de eventos, assim como representantes de grupos de torcedores.
O Secretário Geral da UEFA, Theodore Theodoridis, disse que a entidade "gostaria de pedir mais uma vez desculpas sinceras a todos aqueles que foram afetados pelos eventos".
Liverpool sauda o relatório, mas reclama
O Liverpool reclamou que não recebeu uma cópia do relatório antes que ele aparecesse na mídia britânica.
"É extremamente decepcionante que um relatório de tal importância, tão importante para a vida dos torcedores de futebol e para a segurança futura, seja divulgado e publicado desta forma", disse o clube de Merseyside em uma declaração.
"Foram mais de oito meses de trabalho do painel independente e é justo e apropriado publicar o conteúdo do relatório para nossos torcedores de forma apropriada", continuaram os Reds.
Apesar da reclamação, o Liverpool saudou as conclusões da revisão.
"O relatório do painel baseado em evidências também constatou que havia 'um perigo claro e imediato de um esmagamento fatal' e que a ação dos torcedores do Liverpool salvou vidas", destacou o clube inglês.
O relatório acrescentou que os paralelos entre a final da Liga dos Campeões do ano passado e o desastre de Hillsborough de 1989 – no qual 97 torcedores dos Reds morreram – eram "palpáveis".
"É chocante que, mais de 30 anos após o desastre de Hillsborough, qualquer clube e nosso grupo de torcedores estaria sujeito a falhas de segurança tão básicas", disse o Liverpool.