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Velocidade, pressão e tecnologia, o futebol mais "difícil" que sucedeu a Pelé

Velocidade, pressão e tecnologia, o futebol mais "difícil" que sucedeu a Pelé
Velocidade, pressão e tecnologia, o futebol mais "difícil" que sucedeu a PeléProfimedia
As entradas eram ferozes, mas a bola era recebida sem pressa. Hoje, a pressão é sufocante, e os juízes são amparados pelo VAR. Desde que o recém-falecido Pelé pendurou as chuteiras, em 1977, o futebol tem sido mais "difícil" de jogar, embora, segundo o Rei, às custas do espetáculo.

O debate sobre qual futebol é melhor, o de antigamente ou o moderno, é polarizado. Mas as muitas mudanças no esporte mais popular do mundo desde que Pelé pendurou as chuteiras, em 1º de outubro de 1977, estão diante dos olhos dos mais distraídos.

Acompanhe a cobertura da despedida de Pelé

"Jogar hoje é mais difícil do que antes, sem dúvida. No meu tempo (...) a gente tinha um pouco mais de liberdade para parar a bola", disse Edson Arantes do Nascimento à rede CNN, em março de 2020.

O vídeo em preto e branco mostra um jovem correndo atrás de uma bola de couro. Os adversários tentam, um a um, tirar a redonda de seus pés. Algum deles tenta interceptar de carrinho. O atacante dribla, marca o gol e comemora. A imagem se repete em muitos dos mais de mil gols marcados pelo Rei.

"Era um futebol com menos dificuldade do que hoje, se marcava menos. Havia mais entradas duras, mas dava para jogar. Você pegava a bola, e o marcador ficava a dois metros, três, agora quando você recebe a bola, já tem um cara em cima querendo tirar. Agora existe pressão. Antes, pressão era um conceito que não existia”, diz à AFP Jorge Barraza, autor do livro "Futebol, ontem e hoje".

Hoje, uma jogada ofensiva de Messi sintetiza a transformação do futebol. Os adversários tentam prendê-lo na "jaula" e nem sempre ousam mostrar-lhe as travas das chuteiras, com medo de um cartão amarelo, ou vermelho, que foram introduzidos na Copa do Mundo de 1970, a última da qual Pelé participou, vencida pelo Brasil.

Menos show 

A pressão é atribuída ao holandês Rinus Michels, que a colocou em prática no Ajax e na seleção da Holanda em 1974, três anos depois de Pelé jogar pela última vez pela Seleção Brasileira. Aperfeiçoada ao longo dos anos, a tática tem sido a arma de times como LiverpoolLiverpool e Bayern de Munique.

O "pressing" também depende da velocidade. Basta comparar vídeos para perceber que a bola, hoje mais leve, move-se mais rápido. "Hoje há muito mais velocidade e é mais difícil fazer as coisas", argumenta o uruguaio Enzo Francescoli.

Para Pelé, na sua época, havia "mais espetáculo", porque marcar não era prioridade. "Quem paga para ir ao estádio, paga pelo espetáculo, não paga pela falta, pela marcação", afirmou.

As seleções brasileiras históricas apresentavam formações ofensivas. O Brasil de 1970, para muitos o melhor time da história, escalava quatro pontas e dois meio-campistas, diferente dos esquemas táticos posteriores 4-3-3, 4-4-2, 3-5-2, ou 4-2-3-1.

Durante grande parte do século passado, os goleiros podiam pegar a bola com as mãos, quando recuada por um companheiro de equipe. Após a Copa de 1990 na Itália, com a chamada "Lei Higuita", em referência ao goleiro colombiano, a prática foi banida. A partir dos pés de alguns goleiros, começa a ação ofensiva.

Na mesma época, começaram os primeiros movimentos pela igualdade de gênero com a realização da primeira Copa do Mundo Feminina (China-1991).

Ascensão da tecnologia

Se o questionado VAR, usado desde 2016, existisse no Mundial do México em 1986, talvez o duelo Pelé-Maradona não existisse. A Copa do Mundo promoveu o mito do argentino, que divide com o brasileiro o título de melhor jogador do século XX da Fifa.

A "mão de Deus" certamente não teriam passado pelo filtro da arbitragem de vídeo. E a enxurrada de chutes e entradas duras que tirou o "Rei" da Copa da Inglaterra em 1966 poderia ter sido punida, e o Brasil, que defendia o título na época, teria passado da primeira fase.

"Se a tecnologia avança como avança, se todos os esportes a usam, por que não usá-la no futebol?", questiona o astro argentino, falecido em novembro de 2020.

No Mundial de 2014, no Brasil, as novas tecnologias chegaram com força. O sistema de detecção automática de gols (DAG), que alerta o juiz quando a bola cruza a linha, validou um gol oficial pela primeira vez. Também estreou em uma Copa do Mundo o spray que define a distância entre a barreira e a bola.

A ascensão tecnológica, com as redes sociais no meio, é a última mudança significativa em um esporte que Pelé ajudou a popularizar e que hoje movimenta cerca de US$ 500 bilhões por ano, segundo a consultoria Deloitte, com contratações e salários exorbitantes.

"Em um mês, ganho mais do que meu pai em toda a vida", disse uma vez o italiano Genaro Gattuso.