A INEOS, empresa do bilionário britânico Jim Ratcliffe, fã de longa data do United, entrou no processo de licitação para comprar os Diabos Vermelhos. Antes, ele não conseguiu adquirir o Chelsea, vendido por US$ 5,2 bilhões em maio.
O United não vence a Premier League há uma década, com os impopulares Glazers sendo alvo de vários protestos de torcedores. Apesar disso, o clube segue como uma perspectiva atraente, de acordo com Neil Joyce, CEO e cofundador do CLV Group.
O clube é uma das maiores marcas esportivas do mundo e gerou 689 milhões de euros (US$ 750,94 milhões) em receita na temporada 2021/22.
"O Chelsea sendo vendido em 2022 significa que uma taxa foi estabelecida no valor de um clube da Premier League", disse Joyce. "Se você usar o método tradicional de avaliação de um clube, que pode ser algo entre oito a 10 vezes a receita, esse tipo de número, US$ 5 bilhões, provavelmente está no limite inferior."
Os Glazers compraram o United por 790 milhões de libras em 2005, em um negócio considerado acima do preço estimado, e que foi criticado por sobrecarregar o clube com dívidas.
Não ao "mercado racional"
A dívida líquida do United cresceu quase 23%, chegando a 515 milhões de libras em setembro, mas isso não deterá potenciais investidores, de acordo com Joyce e Spencer Harris, professor associado de gestão esportiva da Universidade do Colorado.
“Em um mercado racional, dívidas desse tipo influenciariam diretamente as ofertas e o preço. Mas a Premier League em geral e o Manchester United especificamente não representam um mercado racional”, disse Harris.
A avaliação do clube como empresa pública atingiu o pico de US$ 4,3 bilhões em 2018. Joyce, porém, afirmou que os novos proprietários poderiam capitalizar a base de fãs global para aumentar a receita comercial em US$ 200 milhões, e adicionar de US$ 1 bilhão a 2 bilhões à avaliação real.
"Se você está olhando para o United como um investimento de médio prazo, não acho que haja um grande risco contra a avaliação que eles estão fazendo hoje. Se houver alguma coisa, poderia argumentar que eles estão potencialmente subvalorizados ao olhar para a marca de US$ 5 bilhões", acrescentou.
Investimento em Old Trafford
O acordo com o Chelsea envolveu os novos proprietários pagando 2,5 bilhões de libras (US$ 3,10 bilhões) para comprar ações, comprometendo mais 1,75 bilhão de libras para investir no clube, principalmente no estádio.
Tim Bridge, principal sócio do Sports Business Group da Deloitte, disse que o United continua sendo um ativo significativo, mas exige muito investimento para retornar ao topo da pirâmide, começando pelo estádio Old Trafford.
O maior estádio de clubes da Inglaterra acomoda cerca de 75 mil torcedores, mas é considerado uma relíquia em comparação com as modernas arenas europeias. Relatos da mídia sugerem que custaria de um a dois bilhões de libras para reformar.
"Comparado a outros clubes importantes, o investimento em projetos de capital, como o estádio, o campo de treinamento em Carrington e o investimento contínuo no time de jogo é muito significativo. É provável que qualquer novo investidor considere isso no United no futuro. Portanto, pode ser que os Glazers sintam que este é o momento certo (para vender)", analisou Bridge.
O United voltou ao G4 da Premier League sob o comando de Erik ten Hag, e deu aos torcedores uma esperança renovada de brigar pelo título pela primeira vez em anos. Mas Bridge disse que o ressurgimento não ajudaria os Glazers a aumentar o preço.
"Qualquer investidor confiável olhará para o cenário de longo prazo, e não para o de curto prazo. Se eles seguirem em frente e se classificarem para a Liga dos Campeões, isso dará um aumento significativo na receita, e é algo em que os investidores ficarão de olho", acrescentou.