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Violência no futebol da Colômbia abre diálogo entre torcedores e governo

Alejandro Gallego, torcedor do Atlético Nacional, foi morto na Colômbia
Alejandro Gallego, torcedor do Atlético Nacional, foi morto na ColômbiaAtlético Nacional/Divulgação
O jogo acabou em um enterro. William Gallego se pergunta por que seu filho morreu em uma briga de torcedores na Colômbia, uma queixa que já chegou aos ouvidos do governo, que abriu diálogo com as torcidas organizadas.

Alejandro Gallego, de 25 anos, morreu na madrugada do dia 30 de abril em uma briga entre torcedores dos rivais Atlético Nacional e Independiente Medellín.

"É o maior absurdo que pode acontecer, que estejam matando os garotos por causa de umas bandeiras (...) o futebol não é para as pessoas se matarem", disse William em uma conversa com a AFP depois do enterro.

A briga em uma rua de Medellín vitimou outras pessoas além de Alejandro. Duas semanas antes, o estádio Atanasio Girardot foi palco de uma batalha entre membros da principal torcida organizada do Atlético Nacional e policiais.

E os episódios de violência seguem ocorrendo por todo o país:

Ameaçados pelos seus próprios torcedores, furiosos devido aos maus resultados, o Deportivo Cali reforçou a escolta de sua delegação. Na cidade de Ibagué, um torcedor do Tolima agrediu pelas costas um jogador do Millonarios em pleno campo. E em Manizales, torcedores do Once Caldas invadiram o gramado.

Diante da violência, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, abriu um diálogo incomum. O primeiro esquerdista a chegar ao poder levantou a bandeira da juventude em campanha e construiu uma relação inédita com os torcedores, afastados dos governos anteriores.

"Pensamento diferente"

O investigador Alirio Amaya se reuniu com líderes das organizadas do Junior de Barranquilla e do Unión Magdalena de Santa Marta, rivalizadas desde uma briga que deixou um morto em 2022.

Intermediário do encontro entre os torcedores na Defensoria do Povo, órgão estatal que protege os direitos humanos, Amaya defende a "compreensão de dinâmicas de violência" no futebol, próprias de um país permeado por quase seis décadas de conflito armado.

"Lamentavelmente, esta rejeição aos comportamentos (das organizadas) vem se transformando em uma rejeição a sua existência nos estádios. Parece que as torcidas populares não merecem nada", se queixa Amaya à AFP. "O governo mostrou que tem um pensamento diferente", acrescenta.

Em 2022, esses mesmos eternos rivais se uniram e apoiaram abertamente a candidatura de Petro.

"Foram diversos tipos de violência que tivemos que apaziguar para poder confluir" em campanha, explica Kevany de Arco, líder de uma torcida popular do Junior. "Em termos nacionais, as organizadas se voltaram a apoiar" o atual presidente, acrescenta a jovem de 26 anos.

Ao lado de outros fanáticos tatuados com escudos do Junior, De Arco pede que o Estado reconheça que as organizadas têm "sua própria cultura", "território" e "linguagem".

No total, a Colômbia já registrou mais de 350 mortes associadas ao futebol, segundo estudos acadêmicos, na falta de números oficiais.