Sonhos Olímpicos: Leal quer deixar "quadra falar" em última chance de medalha
Em cada um deles, vive um desejo diferente e também parecido. Para quem já é medalhista olímpico, um ouro é muito bem-vindo. Para quem ainda não chegou lá, o sonho de um pódio o abastece para desempenhar seu melhor papel em Paris.
Na primeira entrevista desta série, entrevistamos Yoandy Leal, ponta cubano naturalizado brasileiro que defende a Seleção de vôlei.
Ser uma das maiores referências da Seleção Brasileira masculina de vôlei ainda é insuficiente para ele. Aos 35 anos, Leal sabe que está diante da sua última participação em uma Olimpíada. Seu foco, individual e coletivamente, é um só: conseguir uma medalha.
"É minha última chance. Fui campeão de muita coisa, mas ainda falta uma medalha olímpica. Estou ansioso e espero ajudar o time", comenta.
Os Jogos Olímpicos vão acontecer entre 26 de julho e 11 de agosto, com o Brasil estreando no dia 27, contra a Itália, antes de pegar Polônia (no dia 31) e o Egito (no dia 2).
"Acho que o Brasil sempre esteve no mesmo nível das principais potências como Polônia, Itália e França. Temos condições de chegar longe e a quadra vai dar sua última palavra", acredita.
Comandante inspirador
Ao seu lado, ele terá o técnico Bernardinho, uma figura que o inspira para, juntos, terminarem no pódio parisiense. "O retorno dele está sendo muito importante, ele acrescenta experiência e traz coisas diferentes. Ele é um grande treinador, estou muito motivado em trabalhar com ele. Muitos do elenco já o conhecem bem, outros ainda não. Acho que nosso time tem tudo para ir bem com o Bernardinho", projeta.
Quarentena fez medalha escapar
Fazer parte da mesma geração de companheiros que são medalhistas olímpicos não deu ao cubano naturalizado brasileiro este privilégio.
Enquanto o ouro de 2016, no Rio de Janeiro, acontecia, Leal era um "recém-brasileiro", que ainda esperava para poder defender o Brasil. A cidadania veio em 2015, quando já vivia grande fase no Cruzeiro, mas foi preciso esperar por quatro anos.
Dois anos foram necessários para conseguir a liberação das federações brasileira, cubana e também internacional. Depois, precisou cumprir mais dois anos de "quarentena", uma vez que ele já havia defendido Cuba.
O jeito foi esperar e, a partir da sua entrada, somente em 2019, buscar seu maior objeto de desejo. Se a medalha não vier, ele terá que aprender a lidar com uma despedida um pouco frustrante e seguir firme nos próximos anos de carreira.
Leal esteve nos Jogos de Tóquio, em 2021, sentindo o sabor amargo da derrota para a Argentina na disputa do 3° lugar. A tão sonhada medalha escapou por pouco em duelo decidido no tie-break.
"Foi um aprendizado, chegamos jogando bem e essa medalha não veio. Acho que faltou sorte, tivemos o jogo nas mãos. A mentalidade em Paris será outra, a vontade será maior e os mesmos erros não podem se repetir", pede.